Un écrivain qui écrit : “Je suis seul” ou comme Rimbaud : “Je suis réellement d’outre-tombe” peut se juger assez comique. Il est comique de prendre conscience de sa solitude en s’adressant à un lecteur et par des moyens qui empêchent l’homme d’être seul. Le mot seul est aussi général que le mot pain. Dès qu’on le prononce, on se rend présent tout ce qu’il exclut.
A writer who writes, ''I am
Há certamente várias maneiras interessantes de contar isto. Mas não consigo evitar a referência à cómoda rústica. Devia começar por falar da Dallow e dizer que, quando tudo começou, era uma rapariga de Torres Novas que tinha vindo estudar arquitetura para Lisboa. Eu conhecera-a num restaurante infame do Paço dos Negros onde depois teria tantas ideias literárias. Para abreviar, ela sabia quem
Agora que estamos em Dublin há oito dias começa a habitual confusão onomástica e fisionómica. Nas ruas mais animadas, distingo, entre a multidão, um vulto conhecido. Pode ser familiar: o meu vizinho da rua Verde Pino, um colega de curso, a secretária do ensino médico. Ou o Rui Batista. Há muitos anos que vejo o Rui Batista, eternamente jovem, com a melena asa de corvo e sorriso sarcástico,
- A minha vida é extraordinária. Tenho pena de não vos poder contar tudo.
- Eu! Eu! Eu! - repetiu a Teresinha, censurando o meu egoísmo.
Mas temos de gostar de nós, não é? É o que a Teresinha costuma dizer.
- Gostar de si própria é um pressuposto para a felicidade - é assim que ela diz.
Ou ainda: - Quem gostará de nós, se não nos soubermos apreciar?
Mas o lema da Teresinha não se
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Mértola Vila Morena
Resumo o noticiado sobre o caso: uma professora primária acusada de ter gravado edivulgado vídeos pornográficos, utilizando material escolar e tendo por cenário a sala de aula. Um jornal deu assim a notícia:
“Os pais dos alunos da escola de Penilhos, em Mértola, onde uma professora primária terá alegadamente realizados filmes
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Fotografia: Luís Januário
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Fotografia: Luís Januário
Terça-feira. Às nove da noite chove na festa académica. Uma escorrência suspeita flui ao longo da rua Tenente Valadim, ignora o semáforo que agora assinala os segundos decrescentes, mistura-se com o trânsito que desce da Praça para a Avenida. Nas escadas do TAGV amontoam-se grupos de estudantes. Estendem as capas para uma refeição tardia. Cada um tem
"Paulo Portas diz que os mais pobres não se manifestaram no protesto convocado este sábado pela CGTP e que juntou milhares de pessoas.” (dos jornais, 20 de outubro de 2013)
O livro de Ryiszard Kapuscinski “Mais um Dia de Vida: Angola 1975” é interessante a vários níveis, entre os quais retenho dois: por nos trazer um período fundamental da história fundacional do actual estado angolano e
Uma vez escrevi que era mais livre do que Pacheco Pereira porque podia escrever uma certa palavra. As bravatas pagam-se, mordendo a língua. Não podemos escrever sobre o que é verdadeiramente importante. Já tive medo do escuro. Do escuro e dos barulhos que vinham da escuridão, na casa da Avenida Sá da Bandeira. Hoje sei que, durante as brincadeiras, as crianças encenam estratégias anti-fóbicas
Fotografia: Luís Januário
- Nunca, como hoje – diz o meu amigo optimista. – Nunca como hoje fomos tão livres.
Encurtámos verdadeiramente o mundo. Podemos ir jantar a Madrid, ao Mercado de San Miguel, beber um copo de Rioja ou de Ribera, comer umas tapas de azeitonas e anchovas, subir até Jorge Juan a conversar, dormir num hotel, acordar de manhã e caminhar até ao Museu Reina Sofia ver a
C de Jesus, fotografia de Luís Januário
Em 1982 um homem chamado Neil Postman, teórico dos media e crítico cultural, escreveu um livro chamado The Disappearance of Childhood. Postman chamava “childhood” ao período que vai dos sete aos dezassete anos. Coincide com a idade escolar, englobando a segunda infância (middle childhood) e a adolescência, ou, em termos biológicos, o período que
Fotografia: DrGica
Agora que as aulas recomeçaram, as ruas da cidade enchem-se de carros. Saem à mesma hora, sincronizados pelos horários escolares. Buzinam, atropelam-se nas rotundas, impacientes. São conduzidos por GPS autistas dos vários sexos. Dentro dos carros de vidros escurecidos devem vir crianças. Não importa que sejam Darth Vader, nascido Anakin Skywalker, Dora a exploradora, Xana
Ao Osvaldo Silvestre
A miúda da Mango tem qualquer coisa de diferente. Mesmo que a diferença seja, no fundo, a sua vulgaridade. Chama-se Miranda e é mais uma que passou directamente de Hannah Montana para Las Vegas. Pensando melhor, ou olhando melhor, ou para ser mais exacto olhando, mais adiante, uma segunda vez, talvez o Outono não venha a ser tão mau. Devemos circular nas rotundas de
No dia em que percebi que N. não se emocionou com a descrição das “ múltiplas vivências” de Jacques Austerlitz na Liverpool Street Station, que era, diz Sebald, um dos lugares mais lúgubres de Londres antes das remodelações do final dos anos oitenta, N. deixou de contar para mim. O pior era que estava a milhares de quilómetros de casa e a quinze dias do final de férias. Encontrava-me em
No
princípio do verão alugámos um quarto numa daquelas Escolas primárias do
Centenário que a míngua demográfica esvaziou, as Câmaras venderam e, neste
caso, a iniciativa de um jovem casal de arquitectos reconverteu em um minúsculo
hotel rural. A Escola conserva a traça e os símbolos antigo-regime e está agora
dividida em cinco quartos e uma sala comum para refeições. A Maria e o Duarte
No Passeio dos Espanhóis, ao longo do dia, havia, para todos, um momento especial. De manhã cedo era dos vendedores do Mercado e de quem tinham passado a noite a dançar. Os filhos da madrugada, de olheiras fundas e modos liberais. Depois, o Passeio era ocupado pelos homens que liam jornais, de preferência os jornais assinados pelos cafés com esplanada. Logo a seguir passavam os
Estou na praia há quatro dias. Na praia, esta clausura, este retiro de silêncio. De acordo com as unidades de tempo dos anos 60 do último século, estes quatro dias agora equivalem a um mês de praia de então. Ao mês inteiro. Agosto, claro. A temporada. Nos primeiros dias não se ia à praia. Brincava-se no parque, debaixo das árvores centenárias, à sombra do misterioso palacete encerrado.
O Bloco de Esquerda (BE) afixou outdoors com os dizeres:
“Tudo o que foi roubado /Tem de ser devolvido”.
Ninguém, que eu ouvisse, comentou esta afirmação. O que não
quer dizer nada. Não me lembro de ouvir comentar
outdoors, que apesar disso continuam a
ser afixados.
Talvez os outdoors sejam como os sabores difíceis e se
destinem a uma apreciação íntima, à décima primeira
“Promessa de Verão: falar-te apenas da água e da luz”
(Susana Figueiredo, algures perto de Lisboa)
A factura da luz é o documento mais aviltante que possuis. Juntando o
teu nome à bandeira estilizada da China. O símbolo nacional do ocupante em
vermelho sanguíneo, em cima mais fluído, em baixo coagulado. Serviço Universal,
império universal. O teu nome