ao longe os barcos de flores View RSS

à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo (Álvaro de Campos)
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DE,AMICITIA-102 11 May 2012 3:00 PM (13 years ago)

queo ver-te feliz-FB


Amigo é aquele que permanece
que planta oásis no agreste
deserto quente.

tira água da pedra
e a mágoa
do coração da gente.
AMigo é aquele que vai embora
mas volta...dá o ombro ri
e no ombro chora.


É prosa que não tem fim
e luz que se demora.

amigo é pra todo sempre
e pela estrada afora

Marco Araujo

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LER OS CLÁSSICOS - 160 10 May 2012 3:00 PM (13 years ago)

bernardim


Esperança minha, is-vos:
nam sei se vos verei mais,
pois tam triste me leixais.

Noutro tempo ua partida,
qu'eu nam quisera fazer,
me magoou minha vida
quanto eu nela viver.
Desta já quê posso crer:
que, pois qu'assi me leixais,
é pera nam tornar mais.

Após tamanha mudança
ou desaventura minha,
onde vos m'is, esperança,
vá-se todo o mais qu'eu tinha.
Perca-s'assi tam-nasinha
tudo, pois que nam olhais
quam tarde e mal me leixais.


Bernardim Ribeiro In "Cancioneiro de Garcia de Resende"

(Nota - magoou - o termo está aqui próximo do seu sentido originário - MACULARE -, imprimir nódoa, deixar um sinal; já quê - alguma coisa, isto; tam-nasinha - tão depressa. O n resultaria de um desdobramento
da nasal ou de uma assimilação: tan d'asinha, a melhor forma seria talvez tãnasinha).
Notas de Vítor Oliveira Mateus in http://adispersapalavra.blogspot.com/

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O PRAZER DE LER -129 9 May 2012 3:00 PM (13 years ago)

literatura

" A literatura, porque se dirige ao coração, à inteligência, à imaginação e até aos sentidos, toma o homem por todos os lados; toca por isso em todos os interesses, todas as ideias, todos os sentimentos; influi no indivíduo como na sociedade, na família como na praça pública; dispõe os espíritos; determina certas correntes de opinião; combate ou abre caminho a certas tendências; e não é muito dizer que é ela quem prepara o berço aonde se há-de receber esse misterioso filho do tempo- o futuro. "

Antero de Quental, Prosas da Época de Coimbra

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recicle-se 8 May 2012 11:09 PM (13 years ago)

recicle-se-no FB

encontrado no Facebook

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OS MEUS POETAS - 251 8 May 2012 3:00 PM (13 years ago)

no parking
Derek Jecxz Photographer

LIBERDADE
                (Falta uma citação de Séneca)

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa  

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ARTE -39 7 May 2012 3:00 PM (13 years ago)


ARTE DE MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA
http://www.youtube.com/watch?v=n3gp4Pd1lAE

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OMNIA VINCIT AMOR - 240 6 May 2012 3:00 PM (13 years ago)

 Photobucket

"A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos. A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro. A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...TUDO BEM! O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum...é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos. Senão a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos..."

Chico Xavier

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mother's day 6 May 2012 3:12 AM (13 years ago)

painel do google de hoje

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Em Dia da Mãe 5 May 2012 3:02 PM (13 years ago)



http://www.youtube.com/watch?v=9M0X4a9QCTQ

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NO DIA DAS MÃES 5 May 2012 3:00 PM (13 years ago)


carta de amor

mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses 
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz. 
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente. 

pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste 
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te 

desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente. 

às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo, 
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia 
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz. 

lê isto: mãe, amo-te. 

eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não 
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que 
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não 
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes. 
 


José Luís Peixoto

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CAMONIANAS -73 4 May 2012 3:00 PM (13 years ago)

 MACAU-CAMÕES

img: em Macau

De camões, em pura verdade, muito pouco sabemos

    De Camões, em pura verdade, muito pouco sabemos. Nasceu pobre, viveu pobre, morreu mais pobre ainda (se não miseravelmente), ele, que acumulou bens que milhares e milhares de homens não têm chegado para delapidar. E será difícil exaurir tão fabulosa fortuna. Porque – quem o duvida? – foi Camões que deu à nossa língua este aprumo de vime branco, este juvenil ressoar de abelhas, esta graça súbita e felina, esta modulação  de vagas sucessivas e altas, este mel corrosivo da melancolia. Daí ser raro o verso português digno de tal nome que as águas camonianas não tenham molhado de luz, desde as mais ásperas das suas consoantes às suas vogais mais brandas.
   Fora do nosso coração, não sabemos onde Camões nasceu; nem o ano ou o dia em que saiu da "materna sepultura" para o primeiro amanhecer. Como não sabemos onde estudou ou quem lhe ensinou o muito que sabia. Nem isso importa. Nalgumas linhas da sua poesia, e sobretudo nas poucas cartas que indubitavelmente são dele, pode ler-se que, como português, encarnou até à medula toda a nossa condição: pobreza, vagabundagem, cadeia, desterro.
"Erros", "má fortuna" e "amor ardente" se conjuraram para fazer daquele alto espírito do  maneirismo europeu uma das figuras mais desgraçadas da via sacra nacional. Por  "erros", talvez se possa entender um cristianíssimo arrependimento daquele marialvismo da sua juventude; a"má fortuna" não pode ter sido senão a de ter vivido num  tempo em que Portugal, além de ser "uma casa sem luz em matéria de ilustração", se preparava fatidicamente  para abandonar todas as suas guitarras nos campos de Alcácer Quibir; quanto ao "amor ardente" - não foi o
próprio Camões que se mostrou dividido entre o límpido apelo dos sentidos e toda uma platonizante teoria de amor bebida em Petrarca e Santo Agostinho?
 Não sabemos também quem o poeta tenha amado, para lá das anónimas "ninfas de água doce" do Mal Cozinhado e outros bordéis de Lisboa. Mas que tais "ninfas" tiveram na sua vida importância, ninguém pode duvidar. As cartas de Camões, e como fonte da sua vida privada nada temos mais seguro, além de nos darem notícia do seu espírito arruaceiro, quase não falam noutra coisa. Que a sua poesia só muito raramente tem a ver com os "pagodes" de Alfama é óbvio, mas dali deve ter partido algumas vezes para, depois de metamorfosesvárias, voar muito alto, como sempre aconteceu, particularmente em herdeiros da cortesia e do "dolce still  nuovo". Porque a verdade é que nenhuma poesia portuguesa partiu tanto dos sentidos para tanto se desprender deles, como a de Camões.

Eugénio de Andrade 

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POETAS MEUS AMIGOS - 164 3 May 2012 3:00 PM (13 years ago)

mulher no colmo
não estranhar
a crença
da existência
(no espaço vazio)
(entre os nós de bambu)

da pura energia
onde se hospedam anjos
Carmen Cinira

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arte -38 3 May 2012 10:44 AM (13 years ago)

Hyeronimus Bosh - de As tentações de Santo Antão

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ENTRA MAIO E SAI ABRIL 2 May 2012 3:00 PM (13 years ago)


papoilas



Entra Maio e sai Abril
tão enfeitado o vi vir.
Entra Maio e suas flores,
sai Abril com seus amores,
e os doces amadores
começam a bem servir.

In Lírica Espanhola de Tipo Tradicional
Tradução de José Bento

Colocado por eli em http://novelosdesilencio.blogspot.pt/

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PÉROLAS - 243 1 May 2012 3:00 PM (13 years ago)


Ah kankodori!
Na minha tristeza,
Afundas a minha solidão.
Matsuo Bashô (Japão, 1644 - 1694)
trad. de João Muzi 

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RESISTIR 1 May 2012 1:11 PM (13 years ago)


no facebook

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No Dia do Trabalhador 30 Apr 2012 3:00 PM (13 years ago)


http://www.youtube.com/watch?v=7bOepSYAH40

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LEITURAS - 185 29 Apr 2012 3:00 PM (13 years ago)

ler

[de O Jogador]
«De uma só vez, apostei vinte fredericos nos pares e ganhei. Voltei a apostar cinco e ganhei de novo. E assim duas ou três vezes mais. Creio que juntei uns quatrocentos fredericos em cerca de cinco minutos. Deveria ter-me retirado então, mas brotou em mim uma sensação estranha, como um desejo de desafiar o destino, de dar-lhe uma bofetada, [...].»

Dostoiewski, O Jogador 
– colocado por eli em http://novelosdesilencio.blogspot.com

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DESASSOSSEGOS - 138 28 Apr 2012 3:00 PM (13 years ago)

taxi 2

Táxi

Tenho vergonha de estender o braço
para chamar o táxi
tenho medo que ele me veja
tenho medo que ele me veja
e ainda assim
não pare.

Ana Cristina César

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ARTE- 37 28 Apr 2012 12:28 AM (13 years ago)

Claude Monet - Giverny

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A música é como um mar de Deus 27 Apr 2012 3:00 PM (13 years ago)


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=eBQfHJA2Lng


A MÚSICA É COMO UM MAR DE DEUS 

Ora nada mais propício do que a música para justificar o abismo que há entre senti-la e compreendê-la. 

É evidente que a maioria dos ouvintes de Bach não compreende a sua música: sente-a, faz um todo com ela no momento em que a ouve e nada mais. Mas isso acontece-lhe com toda a expressão musical. Sentir é o grau ínfimo da apropriação: é só um ouvir com os sentimentos possíveis de prazer, desprazer, deleite ou aborrecimento, em suma, um ouvir gostando ou não gostando.


 (Eduardo Lourenço) 

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O PRAZER DE LER -133 27 Apr 2012 9:23 AM (13 years ago)

encontrado no FBook

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OS MEUS POETAS - 250 26 Apr 2012 3:00 PM (13 years ago)

relógio do
rosario
Relógio do rosário
Era tão claro o dia, mas a treva,
do som baixando, em seu baixar me leva

pelo âmago de tudo, e no mais fundo
decifro o choro pânico do mundo,

que se entrelaça no meu próprio chôro, 
e compomos os dois um vasto côro.

Oh dor individual, afrodisíaco 
sêlo gravado em plano dionisíaco,

a desdobrar-se, tal um fogo incerto,
em qualquer um mostrando o ser deserto,

dor primeira e geral, esparramada, 
nutrindo-se do sal do próprio nada,

convertendo-se, turva e minuciosa,
em mil pequena dor, qual mais raivosa,

prelibando o momento bom de doer, 
a invocá-lo, se custa a aparecer,

dor de tudo e de todos, dor sem nome, 
ativa mesmo se a memória some,

dor do rei e da roca, dor da cousa 
indistinta e universa, onde repousa

tão habitual e rica de pungência
como um fruto maduro, uma vivência,

dor dos bichos, oclusa nos focinhos, 
nas caudas titilantes, nos arminhos,

dor do espaço e do caos e das esferas, 
do tempo que há de vir, das velhas eras!

Não é pois todo amor alvo divino, 
e mais aguda seta que o destino?

Não é motor de tudo e nossa única 
fonte de luz, na luz de sua túnica?

O amor elide a face... Ele murmura 
algo que foge, e é brisa e fala impura.

O amor não nos explica. E nada basta, 
nada é de natureza assim tão casta

que não macule ou perca sua essência 
ao contacto furioso da existência.

Nem existir é mais que um exercício 
de pesquisar de vida um vago indício,

a provar a nós mesmos que, vivendo, 
estamos para doer, estamos doendo.

Mas, na dourada praça do Rosário, 
foi-se, no som, a sombra. O columbário

já cinza se concentra, pó de tumbas, 
já se permite azul, risco de pombas.

drummond,claro enigmaCarlos Drummond de Andrade 

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LER OS CLÁSSICOS - 159 25 Apr 2012 3:00 PM (13 years ago)

 </span


[Desordenado e continuado desejo, ciúmes e vanglória fazem no coração grande sentimento]


Os amores no coração fazem mais rijo e continuado sentimento que outra benqueren-

ça, por estas razões:

Primeira, por a contrariedade do entender que os contradiz, mostrando de uma parte quanto mal por eles se faz, defendendo que se não faça, e doutra o desejo que muito com eles reina, requerendo com grande afincamento que persevere no que há começado, fazem uma porfia que continuadamente dá grã pena de espírito, afã e cuidado, do que mui amiúde os namorados se queixam, a qual se não pode passar sem rijos sentimentos.
Segunda, porque rijo, desordenado e continuado desejo, ciúmes e vanglória fazem no coração grande sentimento. E porquanto estes reinam mais com amores que com outra benquerença, porém fazem maior sentido.
Terceira, porque assim como dizem as cousas costumadas não fazerem tanto sentir, por esse fundamento aquelas que se abalam convém que o acrescentem.
E pois que os amores nunca dão repouso por fazerem contentar de mui pequeno bem, assim como de uma boa maneira de olhar, gracioso rir, ledo falar, amoroso e favorável jeito, e de tal contrário se assanham, tomam suspeita, caem em tristeza, filhando tão rijo cuidado por uma cousa de nada, como se tocasse a todo seu bom estado, que o não deixa enquanto dura pensar em al livremente, mas como aquele que tem véu posto ante os olhos vê as cousas, dessa guisa ele pensa em todas outras fora do seu fundamento por cima daquele cuidado que lhe faz parecer todas as folganças nada, não havendo aquela que mais deseja.
E se a cobrasse, que tristeza nunca sentiria, o que é tão errado pensamento como bem demonstram muitos exemplos, os quais não quer consentir que se creiam, posto que claramente de demonstrem, pensando que nunca semelhante como ele sentiu que o contrário pudesse sentir, o que adiante as mais das vezes se demonstra mui desvairado do que parece.
E por aqui se pode bem conhecer, posto que não caia em outro erro, quanto perigo é trazer um tal cuidado assim reinante em ele, que o não deixe pensar em cousa livremente sem haver dele lembramento, e como constrangido cuidar em qualquer outro feito por pesado que seja, para o coração no que tais amores lhe mandam quer embargar seu sentido, desamparando todos os outros por necessários que sejam.
E por estas razões convém que traga e faça maiores sentimentos que outra maneira de amar.
o leal conselheiro   
 rei d. duarte -Leal Conselheiro

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a poesia está na rua 24 Apr 2012 4:00 PM (13 years ago)

25 de abril-h.v.silva 
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo 
 
                         Sophia de Mello Breyner Andresen

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