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Foto: Direitos Reservados |
Patrícia Vasconcelos é Diretora de Casting desde 1988. São mais de 30 anos de carreira. O tempo passa e continua a preferir que a apelidem de Casting Director. Porquê? Porque a sua função é "dirigir" e a tradução portuguesa não espelha aquilo em que consiste a sua profissão. No fundo, o Diretor de Casting é um dos responsáveis pela escolha dos atores que vão constituir o elenco para um filme, série ou novela. Lá está, um dos responsáveis. A última palavra será sempre do realizador. "É uma cadeia de profissionais", explica-nos Patrícia Vasconcelos. Após uma primeira análise, "convoco um ator, depois apresento ao realizador, ele está ou não presente, depois o realizador vai pensar e eventualmente vai querer um segundo casting, para tirar teimas".
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Foto: Direitos Reservados |
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Foto: à esq: Ana Moreira / à dir: Nuno Nolasco (Direitos Reservados) |
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Foto: Miguel Amorim (Direitos Reservados) |
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Foto: Inês Monteiro (Direitos Reservados) |
Não há melhor forma de celebrarmos a renovação de Rabo de Peixe para uma segunda temporada senão falar sobre o quão boa foi a primeira parte desta história nacional. Entre ficção e realidade, Rabo de Peixe é mais uma prova de que o mais importante não é a língua, mas sim a história, e por mais que exista uma certa relutância em reconhecer, o que é nacional é mesmo bom.
A beber do mesmo dilema moral que La Casa de Papel, a segunda aventura da ficção portuguesa com o selo da Netflix é um prato cheio de carisma com pouco de erro a apontar. Falamos-te sobre tudo isto na edição desta semana do Coming Up, fica connosco.
Não há melhor inspiração do que a realidade, e talvez tenha sido essa ao grande chave mestra de Rabo de Peixe. O facto de um evento tão absurdo ter uma base de credibilidade porque de facto aconteceu é meio caminho andado para nos deixarmos envolver nesta narrativa e sentirmos proximidade com o que ali se passa.
Para quem já se cruzou alguma vez com a história de Rabo de Peixe, sabemos que o relato de pobreza que ali é desenhado é fiel, ou seja, a realidade está transposta tal qual como é, e a partir dessa fidelidade com o nosso mundo grande parte dos alicerces da história estão garantidos e com destaque mais que positivo. Mas, se a realidade já nos atrai tudo consegue tornar-se ainda melhor quando a parte criativa entre em ação e nos oferece um herói romântico como Eduardo.
Ele é o típico protagonista com o qual conseguimos facilmente envolver-nos e desculpar todos os seus defeitos, logo à partida, é o típico amor à primeira vista que nos leva a ignorar as escolhas erradas que faz, porque, no fundo, se estivéssemos num momento de aflição como a dele seguir o caminho mais fácil também seria uma opção para qualquer um de nós.
O argumento até se poderia ter sustentado apenas no relato de pobreza de uma terra sem oportunidades que se torna pequena demais para um jovem com muitos sonhos, mas foi ainda mais ousado na criação de laços entre nós e o protagonista com a introdução do drama do pai ao qual é impossível ficarmos indiferentes.
Em resumo, a narrativa tem o mérito de nos conseguir envolver de tal maneira com o protagonista que se torna difícil deixarmos a história a meio na esperança de vermos um personagem com o qual nos importamos dar-se bem.
O uso da realidade e a história humilde e dramática de Eduardo são os pontapés de saída perfeitos para embarcarmos nesta aventura, e são dois pontos importantíssimos para garantirem o nosso interesse na série mesmo durante os dois episódios iniciais cujo ritmo não é tão acelerado quanto o normal para uma história feita para o streaming.
Não é algo que atrapalhe a experiência, até porque numa história que se baseia em factos verídicos os detalhes são cruciais para passar o sentido de realidade, porém, essa entrada num ritmo mais lento torna o arranque de Rabo de Peixe em algo próximo ao que sentimos quando vamos dar um mergulho nas águas portuguesas: Primeiro sentimos um frio gelado quando molhamos os pés e, depois, quando nos habituamos à temperatura conseguimos ir por ali a fora sem vontade de voltarmos a sair.
Ultrapassado o primeiro impacto e já com ligações bem estabelecidas não só com Eduardo, mas também com o restante “gangue” Percebemos o quão fascinante é o que está ali a acontecer. O grande destaque, mais uma vez, vai para a criatividade com o enredo a criar vários caminhos paralelos além do óbvio.
Temos, logo à partida, um vilão definido com os verdadeiros donos da droga, mas é Arruda quem faz a história mexer. Além da atuação digna de prémio de Albano Jerónimo, é impossível ignorarmos a riqueza do personagem, que não é colocado às três pancadas como o mau da fita. Ele tem nuances, ele tem falhas e é obviamente um homem sem grandes princípios, mas é humano, não há ali nada que o torne num vilão só porque sim. É novamente a cartada da credibilidade que volta a tornar a história tão viciante.
E já que estendemos o leque, avancemos para os restantes elementos do grupo principal. À semelhança de Eduardo, e como qualquer jovem adulto, o grupo é composto por jovens cheios de sonhos, e com vontade de vencerem na vida e provarem o seu valor. Contudo, tal como na vida real, nada corre exatamente como planeado.
Rafael é o parceiro ideal, cheio de incertezas e inseguranças depois de ter cheirado o sucesso e ter caído do pedestal, e acaba por morrer cedo demais. É o típico complexo de Berlín, será que se soubessem antecipadamente que a série seria renovada se teriam livrado tão rapidamente do personagem?
Seguimos para Sílvia. Numa primeira perspetiva, ela é uma rapariga complexa, cheia de traumas e à qual faltam regras ou terapia para resolver as suas frustrações, mas à medida que conhecemos a essência de Sílvia, percebemos que ela é aquilo que à época se poderia classificar como feminista. Uma rapariga que luta pela vida e por se afirmar com os mesmos direitos que os homens que estão à sua volta.
Sem uma grande noção de amor porque nunca o teve realmente, Sílvia é a definição da independência enquanto busca por um porto de seguro, e vive nessa dicotomia interna ao longo de toda a temporada. Na verdade, quando percebemos de uma forma mais aprofundada o que lhe vai na cabeça não conseguimos deixar de ter por ela a mesma empatia que temos por Eduardo.
Por último, mas não menos importante, temos Carlinhos. Antes mesmo de falarmos sobre ele temos de dar os parabéns ao texto pela abordagem que teve com a orientação sexual do personagem. Sem deixar de parte a gíria ofensiva ou a fidelidade com a forma como um homossexual era tratado naquela altura, conseguiu apresentar uma personagem com dignidade, sem resvalar no ridículo e sem fazer dele um coitadinho, um ângulo pouco visto quando o assunto é a homossexualidade.
À parte desse elogio, vale ressaltar que Carlinhos é, provavelmente, a voz do bom senso dentro do grupo e aquele que mais luta pela justiça. É o típico “bom rapaz”, a quem interessa mais a felicidade dos outros que a sua. A par dessa análise sobre a personalidade dele, ele vem provar, de novo, que a história (mesmo que ótima) ganha ainda mais pela empatia que criamos com o núcleo central.
A qualidade da série, de fio a pavio, foi carimbada com a segunda temporada, e nada mais que justo depois de um encerramento com tantas possibilidades em aberto. Naquele final a história da droga já passou para segundo plano e o nosso interesse maior é garantir que todos os objetivos e sonhos do grupo sejam cumpridos.
Estabelecendo um paralelo inevitável com La Casa de Papel, onde vemos uma série de pessoas com escolhas erradas na vida a lutarem de uma forma pouco ortodoxa pelos seus objetivos, e nós público, a torcermos por eles sem qualquer peso na consciência por estarmos a defender algo que moralmente é altamente condenável.
É certo que as duas narrativas se distanciam em larga escala pela gravidade dos atos cometidos, mas, ainda assim, ambas comungam de um ponto importante: A empatia. E vamos a teorias sobre o futuro.
Quando deixamos Eduardo ele está a caminho da América com Carlinhos, a achar que está a viver o início do sonho, mas tal como o famoso meme do YouTube, o sonho não correrá, certamente, como o esperado e pode até ter consequências mais sérias, visto que o barco onde estão dirige-se para a América em pleno dia 11 de setembro de 2001.
No regresso inevitável, Eduardo vai provar que o ditado que diz que podemos fugir dos problemas, mas eles apanham-nos sempre não podia estar mais correto, e vem com um plus one. Além de ter de fugir dos barões da droga e da polícia, Eduardo vai ter de fazer tudo isso enquanto se prepara para ser pai, numa realidade onde terá de recuperar a confiança de Sílvia e onde Sílvia terá de recuperar a confiança em Eduardo.
Há muitas nuances e questões no caminho, enquanto Carlinhos regressa sem o seu sonho cumprido. Será que ainda há espaço para absolvição? Terá o susto do padre com a máfia tê-lo feito repensar a sua vocação? Muitas questões que, felizmente, terão resposta numa renovação que faz história no audiovisual nacional e que tem cheiro de um pequeno passo na Lua para a conquista de um novo universo para a ficção portuguesa.
O maior desafio de um romance é fazer-nos apaixonar e o casal protagonista de Queen Charlotte consegue deixar-nos perdidos de amores nos primeiros segundos de ecrã. O universo de Bridgerton é fascinante, ao mesmo tempo que nos leva numa viagem a um mundo de contos de fadas consegue tocar em temas sérios da atualidade pela mão brilhante de Shonda Rhimes que nunca desilude na hora de colocar mensagens sociais nas suas histórias.
Muito mais do que um spin-off, Queen Charlotte é a origem do universo Bridgerton, a peça que faltava para o puzzle ficar completo. Ao mesmo tempo que parecia só um projeto para preencher o catálogo e dar um gostinho dos rumores da Lady Wistledown enquanto não chega a hora de Pam e Colin assumirem o protagonismo da terceira season, Queen Charlotte chegou-nos como um romance de cordel ao qual dificilmente o nosso coração consegue ficar indiferente.
Falamos de tudo isto e muito mais na edição desta semana do Coming Up. Fica connosco!
A abordagem ao romance em Queen Charlotte é um clichê? É. Mas quando um clichê é realmente bem feito o casamento é tão perfeito como comer um par de cerejas numa noite de verão. Queen Charlotte encaixou que nem uma luva no conceito e torna-se numa autodescrição do que o público que adora o género quer ver.
Entramos no universo monárquico dos casamentos a troco de interesses do reino sempre com a visão multicultural que Bridgerton nos trouxe, reimaginando como a história de Inglaterra poderia ter sido e como a alteração desse pequeno detalhe poderia ter causado transformações profundas na forma como encaramos pessoas de diferentes etnias.
Quando entramos pela primeira vez no mundo de Bridgerton encaramos a representação de uma mulher negra como Rainha como mais um detalhe de cunho pessoal de Shonda Rhimes, que em todas as suas tramas sempre teve voz ativa na defesa pelos direitos e representação de mulheres negras, mas Queen Charlotte vem provar que não é apenas um mero detalhe. Charlotte foi na verdade “a grande experiência” para uma nova sociedade onde todos têm um sítio à mesa. Afinal a multiculturalidade é um fundamento da trama de Bridgerton e sabendo isso a grandeza da história que nos estão a contar só aumenta.
Charlotte chega a Inglaterra como uma jovem obstinada escolhida pelo tom de pele, mas que nos conquista a nós público e ao Rei pela sua inteligência e comportamento fora de padrão. O momento em que ela tenta escalar um muro para fugir do seu casamento pedindo ajuda ao seu futuro marido, por mais que seja um grande clichê, é feito de uma forma tão embelezada que nos deixa embevecidos.
Sabemos exatamente quais
serão os passos seguintes, mas ainda assim não conseguimos não nos deixar levar
pela maré e quando damos conta no final do primeiro episódio já estamos
pregados à história.
Falar do final do primeiro episódio dá-nos o mote perfeito para olharmos de forma mais atenta para o grande diferencial de Queen Charlotte. Além do clichê romântico clássico, este casal tem uma peculiaridade: A solidão.
De antemão já sabemos através de Bridgerton que o Rei sofre de algum tipo de doença, mas o que nos faltava ver era como essa doença afetou Charlotte e como isso a tornou na mulher poderosa e imponente que vemos em Bridgerton. Muitos desses traços de crescimento prendem-se com o tempo de solidão que ela atravessou.
Longe de sequer poder manter-se a par do que se passava com o seu marido, Charlotte viu-se obrigada a ser Rainha sem Rei, Rainha sem liberdade e Rainha sem um Reino. Charlotte foi uma figura no papel, e essa primeira abordagem sobre a personagem permite-lhe crescer aos nossos olhos e fazer-nos sentir compaixão sem necessariamente tomarmos partidos. Porque esse é o truque que torna Queen Charlotte numa bonita história de amor, ela mostra os dois lados da moeda, sem nos fazer escolher lados e explicando muito bem o porquê do comportamento de ambos.
Passamos para George e para a dor que sente alguém que não sabe exatamente o que tem e que vive eternamente na iminência de um colapso. Além de um primeiro momento de empatia, a série atira o personagem de imediato para uma “terapia” de choque que nos deixa horrorizados, mas que em simultâneo traz para este drama um realismo sobre como as doenças mentais eram vistas e tratadas à época.
E nesse ponto o trabalho de desenvolvimento
deixa-nos de queixo caído porque conseguem mais uma vez conjugar realidade com
um conto de fadas mantendo o melhor de dois mundos sem nunca se perderem do
foco da história que querem contar. É louvável.
Enquanto isso e apesar de obviamente a série se centrar muito nos dilemas e desafios de Charlotte e George temos à sua volta uma sequência de narrativas adjacentes que são, também elas, um deleite de serem vistas.
Comecemos pelo amor dos dois pajens que tornam Brimsley numa das nossas personagens favoritas. A forma como a relação dele com Reynolds se reflete nos sucessos e insucessos de Charlotte e George é um excelente alívio cómico sem se tornar em algo forçado. É inteligente e apaixonante. Conseguimos perceber de fio a pavio a personalidade dos dois sem que nunca nos tenham sido oficialmente apresentados e são poucas as histórias que conseguem fazer isso de uma forma tão bem entrelaçada.
Mas enquanto surgem novas figuras no nosso ecrã outras bem conhecidas dão o ar de sua graça. Lady Danbury assume aqui o papel de coprotagonista e é-nos reapresentada. A mulher que conhecemos em Bridgerton cheia de mistérios, mas respeitada por toda a sociedade é no final das contas uma verdadeira lutadora que aprendeu a defender-se na vida e fez-se mulher debaixo de uma intensa pressão política onde supostamente as mulheres não têm voz.
Os duelos de chá entre ela e a Princesa Augusta são dotados de diálogos extremamente inteligentes que tornam tudo muito mais afiado e envolvente. São duelos de Ladys, recheados de classe e uma pitada de malvadez e interesse próprio aqui e ali. Acompanhamos o casamento pouco afetuoso dela, onde percebemos que ela se subjuga a um homem que apesar de não ter mau carácter está cheio de si, e é verdadeiramente apaixonante a forma como o guião nos mostra como essas batalhas que a vida a obrigou a travar a tornam numa mulher sábia e cheia de astúcia no futuro.
Aliás, a forma como a
série vai criando pontos de ligação entre o passado e o presente só aumenta o
nosso interesse sobre os próximos desenvolvimentos da história, por isso mais
um ponto ganho para este universo na Netflix.
Queen Charlotte é o tipo de projeto que chega sem nos levantar grandes expectativas, mas que nos surpreende pela qualidade e beleza que vai desde atuações dignas de nota até aos figurinos, passando, claro, pela habitual banda sonora irrepreensível de Bridgerton que já se tornou uma imagem de marca e que aqui se torna uma parte da narrativa ao trazer alguns dos maiores êxitos de artistas negras adaptados. São pequenos detalhes que só enaltecem a representatividade em Bridgerton e só aumenta ainda mais a qualidade de produção da qual é impossível não nos desfazermos em elogios.
Apesar de ser uma série “girly”, Queen Charlotte é o tipo de história que vai apaixonar todos aqueles que não tiverem um coração de pedra, e à parte de todos os elementos que já citamos e que constroem esse sucesso há algo que não podemos deixar de lado: A qualidade de texto.
Há aqui diálogos que mesmo que sejam clichês conseguem mexer com as nossas emoções, sendo que o auge da história acontece na conversa entre Charlotte e George, já em idade adulta, debaixo da cama em que Charlotte traz o seu marido de volta, num momento que deixa qualquer um de coração dilacerado.
É, realmente, impossível não nos apaixonarmos. A beleza está lá, o cuidado está lá, e o futuro também, porque apesar de ser um spin-off temos aqui algumas luzes sobre o futuro dos personagens adultos de Bridgerton.
Violet, apesar de ser a que menos tem o seu passado explorado, tem aqui um novo caminho traçado para a terceira temporada de Bridgerton, trazendo consigo uma mensagem bem feminista sobre como as mulheres lidam com a sua intimidade. Expressando, mais uma vez numa trama de Shonda Rhimes, que não há barreiras, não há idades, não há etnias, há simplesmente pessoas, e era tão bom que nos enquanto sociedade entendêssemos isso tão bem quanto o texto de Shonda Rhimes nos quer mostrar.
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Foto: Direitos Reservados- Corinne Cumming - EBU |
O palco da Liverpool Arena recebeu a 67ª Edição da Eurovisão 2023 e viu triunfar uma vez mais a Suécia. Loreen e o seu Tattoo deram a sétima vitória à nação escandinava. Os vencedores obtiveram 583 pontos, dos quais 340 pontos vieram por parte do júri enquanto o televoto deu 243.
Mimicat e o seu Ai Coração conquistaram um dos aplausos mais efusivos da arena onde a atuação da nossa representante foi simplesmente incrível e encheu toda a gente de orgulho. A nossa comitiva obteve o 23º lugar com 59 pontos, fruto dos 43 pontos por parte do júri e os 16 do televoto popular.
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Foto: Direitos Reservados- Corinne Cumming-EBU |
O pódio do certame foi ainda preenchido pela Finlândia, que chegou ao segundo posto com Käärijä e o tema Cha Cha Cha com 526 pontos, oriundos dos 150 pontos do júri e dos 376 do televoto. O terceiro lugar foi ocupado por Israel com Noa Kirel e o seu Unicorn a conquistarem 362 pontos, dos quais 177 vieram do júri e 185 do televoto.
Loreen torna-se na primeira mulher na história do certame a vencer por duas vezes. Depois da primeira vitória em 2012 em Baku, no Azerbaijão, a cantora sueca triunfa agora em Liverpool. A artista em declarações à imprensa local depois da consagração da vitória, mostrou-se “muito orgulhosa e extremamente grata” dedicando a vitória a toda a gente que acreditou nela e aos fãs.
Ao todo foram 26 canções a competição e o espetáculo da noite foi aberto pela Áustria com Teya and Salena com a sua carismática canção Who The Hell is Edgar?. O encerramento do alinhamento coube a Mae Muller e à canção I Wrote A Song.
Pelo palco da Eurovisão passaram alguns artistas bem conhecidos do público como Cornelia Jakobs(representante sueca em 2022 com Hold Me Closer) , Duncan Laurence(vencedor neerlandês em 2019 com a canção Arcade), Dadi Freyr( representante da Islândia em 2021 com a canção 10 Years), Sonya(representante britânica em 1993 com a canção Better The Devil I Know), entre outros.
A Suécia iguala assim o número de vitórias conseguidas pela Irlanda, ambas contabilizam 7 tentos vitoriosos no palmarés da competição, fazendo do país nórdico ainda mais uma potência considerável na Eurovisão e quem sabe em busca de uma 8ª vitória nos próximos anos.
Vê abaixo a atuação de Loreen na Grande Final:
Bienvenidos a Éden, novamente! Regressamos ao universo distópico da série espanhola da Netflix para uma nova temporada que nos deixa com mais questões que a primeira.
Pesando na balança, a nova leva de episódios da trama não se pode classificar como péssima, mas também está longe de ser excelente, fica no meio termo com uma narrativa que vale muito mais por alguns arcos secundários em vez de fazer avançar a história como um todo.
Apesar de não nos podermos queixar da criatividade dos autores, que conseguem colocar um plot twist em cima do outro, esta temporada consegue deixar-nos praticamente sem respostas, chegando ao ponto de nos fazer perder o interesse no meio e de só nos deixarmos levar por queremos saber qual é o limite da imaginação dos autores e por estarmos envolvidos na novela criada.
Falamos disto e muito mais na edição desta semana do Coming Up,
há muito para discutir.
O estilo seita que beira uma versão barata de Midsommar é, talvez, um dos pontos mais fortes da trama de Bienvenidos a Éden e nesse quesito a temporada consegue amadurecer o conceito e torná-lo ainda mais cativante. Apesar de existirem vários aspetos que ficam desconexos, a construção do ambiente de seita acaba por ganhar mais impacto agora com a história de vida de Astrid a ser apresentada. Ela é uma mulher amargurada por não conseguir ter filhos, o que a deixa numa posição de maior fragilidade, fazendo com que apesar dos seus instintos pouco ortodoxos ela crie conexões maiores com aqueles adolescentes na expectativa de que eles a vejam como uma mãe.
Ou seja, há mais camadas. A relação e as preferências que ela tem com os jovens escolhidos para viverem no Éden são no fundo um reflexo dos desejos reprimidos de Astrid. Daí, também, que no processo de seleção sejam escolhidos adolescentes com relações problemáticas com os pais, se antes achávamos que isso acontecia para que o desaparecimento deles fosse mais fácil de abafar agora entendemos que há razões maiores.
Ainda no conceito de seita, e passando para as coisas que não fazem sentido e que se classificam como furos no argumento, nesta segunda temporada somos apresentados ao “exército” do Éden. Os novos personagens ajudam a história a fluir e tornem tudo um pouco mais assustador, contudo, na prática destroem um pouco o conceito criado anteriormente. Por mais que exista uma rebelião e que nós público saibamos que aquelas crianças foram raptadas, lá dentro sempre foi criada a imagem de que tudo era perfeito e que aquilo que a rebelião defendia era, na verdade, um ambiente hostil.
Com a introdução dos elementos do exército, que estão ali armados perante todos e com uma postura agressiva, fica claro como água para todos que as intenções dos hosts são tudo menos boas. Daí que a relação que é construída entre Gaby e Astrid não faça o menor sentido.
Ora, como é que ela pode sequer questionar o que Zoa lhe
diz, quando diante dos olhos dela estão uma série de pessoas armadas, colegas a
aparecerem feridos e a serem violentados à frente dela? Ela não se questiona?
Ela não tem discernimento? É um dos pontos que não faz sentido nesta temporada.
A segunda season de Bienvenidos a Éden divide-se, claramente, em duas partes que têm entre si um ponto comum. A primeira parte vai desde o início até à libertação de Charly e África e a segunda vai daí até ao último episódio com o momento em que Brisa e os seus companheiros conseguem aterrar no Éden. Quer na primeira parte quer na segunda, temos uma série de pormenores, de detalhes que só aumentam a profundidade da história, mas em nenhum ponto temos questões resolvidas.
Sentimos a dado momento que os autores estão a arrastar a história de maneira a terem material suficiente para garantirem uma nova temporada, mas sem que existisse necessidade. A situação de Charly e África ocupa mais episódios do que deveria. Até serve para fazer crescer o arco de Charly e Mayka mas a dada altura parece que estamos a ser enrolados.
Passamos grande parte do tempo na iminência de acontecer uma grande reviravolta que vai mudar o rumo das coisas, mas na hora H, voltamos à estaca zero porque tudo dá errado, uma e outra vez. Para que a história continue é óbvio que os vilões não podem ser obliterados da narrativa de um momento para o outro, mas sente-se falta de pequenas conquistas que façam valer a pena o tempo que perdemos a olhar para cada um dos arcos da temporada.
Nada leva a lugar nenhum e chega a ser frustrante, porque parece altamente desnecessário o tempo que perdem a desenvolver um plot que não acrescenta nada de relevante ao desfecho da história. E esse tempo que é perdido torna-se dramático quando chegamos ao capítulo final sem termos respostas claras sobre a enredo base da história.
Não obstante que nesta segunda
temporada tenhamos aprendido que tudo se resume a um sonho do pai de Astrid,
que foi morto por alguém ligado à indústria petrolífera que claramente estava
descontente com o projeto “inovador” que ele queria construir, nada parece ter
ficado muito claro. E o próprio projeto é tão distópico e ousado que fica
difícil acreditarmos que alguém sequer tenha olhado para aquilo e pensado que
era possível.
Bienvenidos a Éden sofre de um síndrome comum nas séries adolescentes: Tem demasiadas personagens para pouco tempo de desenvolvimento. O elenco deste projeto é gigante e os autores tentam dar arcos e camadas a cada personagem, mas chegamos a um ponto em que é tanta gente que não há tempo útil para desenvolver e dar relevância a cada um, até porque além das questões individuais ainda têm de dar-nos respostas sobre o assunto central da história.
O resultado é esperado: Tudo fica sem encadeamento. Há arcos individuais que são bem desenvolvidos e interessantes de acompanhar (por mais que andem em círculos) como são os casos de Mayka e Charly, África e Erik ou o quarteto Alma, Ibón, Orson e Eloy, mas para que esses tenham destaque passamos os oito episódios da segunda temporada a ver Zoa e Bel a terem o mesmo tipo de discussões uma e outra vez.
Zoa e Bel chegam ao cúmulo de terem quase os mesmos diálogos em episódios seguidos porque, no fundo, a sua presença na história se resume simplesmente ao facto de pertencerem à rebelião. A comparação mais fiel que podemos fazer sobre o argumento de Bienvenidos a Éden é com o das novelas de trezentos episódios que passam nas televisões nacionais, em que a dada altura não há criatividade que sobreviva ao número de capítulos.
Tudo é
muito arrastado, porém, acabamos por nos deixar levar porque criamos apego com
aqueles personagens. O erro não está na criação dos personagens, porque os
atores são carismáticos e as histórias de fundo são ricas e carregadas de
representatividade, está sim na quantidade. São muitas vidas para gerir dentro
de uma história que sozinha já carrega várias nuances e plot twists. É
demasiado, e isso quase anula o bom trabalho que é feito.
No meio termo entre um sci-fi, um drama, um romance e uma história de espionagem, Bienvenidos a Éden continua a prender a nossa atenção entre os furos de texto e os arcos subdesenvolvidos. O esqueleto da história é bom e viciante, e apesar da segunda temporada trazer um arrastar desnecessário ainda nos consegue convencer a assistir a uma terceira temporada.
Esta não é uma das séries que vai escalar os nossos tops, não é uma obra-prima, é o típico passatempo que se torna numa espécie de guilty pleasure. Nós sabemos que não é boa, mas continuamos a querer saber o que se passa, porque aguça a nossa curiosidade. O tema central é tão surreal que queremos entender até onde vão carregar isto e qual é a justificação por detrás de tudo.
Por mais defeitos que tenha a segunda temporada não chega a ser péssima ao ponto de nos fazer desistir, não chega ao ponto de ser um Outer Banks em que tudo se torna sem sentido. É simplesmente uma história que podia ser muito melhor se existisse um maior foco e a dada altura parece que os autores se apercebem disso, daí começarem a descartar personagens de forma quase aleatória.
Se tivermos isso em conta percebemos que nenhuma das novas adições do elenco teve um desenvolvimento muito grande. Som, por exemplo, mal teve falas, foi um instrumento para conectar o momento atual com o passado de Astrid e para acelerar a resolução final, mas em termos individuais parece que ficou presa no tempo a aguardar uma possível renovação. Joel, o mandachuva do exército também entrou na história para ser vilão, mas sabemos zero sobre a sua vida. Apesar de terem chegado à trama na segunda temporada, a ideia com que ficamos é de que estão em lista de espera para no futuro poderem ser explorados.
Sem renovação anunciada, Bienvenidos a Éden é o tipo de história que a Netflix vai querer finalizar, mais que não seja para não sofrer a pressão do público, e porque as audiências não foram tão más assim. Ainda assim, a terceira temporada deverá ser a última porque resta pouco por onde possam enrolar e caso não ofereçam respostas na próxima leva de episódios a público certamente vai cansar-se de esperar. Aguardemos pela confirmação e pelos novos episódios. Estaremos cá para comentar tudo!
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Foto: Direitos Reservados |
SINOPSE
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Foto: Direitos Reservados - Sarah Louise Bennett- EBU |
A Arena de Liverpool recebeu na noite desta quinta-feira, dia 11 de maio, a segunda semifinal do Festival Eurovisão da Canção 2023, onde foram descobertos os restantes dez finalistas da competição internacional. No final da noite, ficámos ainda a conhecer a ordem de atuações na grande final.
Tal como aconteceu na primeira semifinal, os comentários da transmissão portuguesa estiveram a cabo de Nuno Galopim e José Carlos Malato, mas desta vez numa emissão em diferido na RTP 1.
Carimbaram o passaporte para a Grande Final de sábado, dia 13 de maio, juntando-se assim aos dez qualificados da primeira semifinal e aos Big 5, as delegações da Albânia, Chipre, Estónia, Bélgica, Áustria, Lituânia, Polónia, Austrália, Arménia e Eslovénia. A votação para a eleição dos finalistas tanto da primeira como da segunda semifinal foi decidida a 100% pelo televoto, uma inovação por parte da EBU relativamente aos anos passados.
De acordo com o regulamento da competição, os resultados oficiais de cada semifinal só serão anunciados logo após o final da emissão da Grande Final, para de certa forma não influenciar as votações e assim estarmos cada vez mais perto de saber quem irá suceder aos Kalush Orchestra, vencedores do ano passado.
A organização já revelou também a ordem de atuação de todos os países na grande final do próximo sábado, dia 13 de maio. Mimicat, com a música "Ai Coração" irá representar Portugal na primeira primeira parte do espetáculo, atuando em segundo lugar, logo a seguir à Áustria.
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Direitos Reservados: Sarah Louise Bennett - EBU |
Aconteceu esta terça-feira, dia 9, a transmissão em direto da primeira semifinal da Eurovisão e Mimicat, com Ai Coração, garantiu a qualificação de Portugal para a Grande Final do próximo sábado dia 13 de maio, no palco da Arena de Liverpool, no Reino Unido.
A intérprete portuguesa foi a quinta proposta a subir ao palco, antes da Irlanda e depois da Letónia, apresentando-nos uma atuação segura, poderosa, envolvente, cheia de glamour e com um staging extremamente bem conseguido através do seu jogo de luzes e dos planos de câmara. Mimicat foi uma das mais aplaudidas da noite.
Para além de Portugal, também seguem para a Grande Final do próximo sábado Croácia, Moldávia, Suíça, Finlândia, Chéquia, Israel, Suécia, Sérvia e Noruega. Os restantes 10 finalistas sairão da segunda semifinal que será transmitida em diferido na RTP na noite nesta quinta feira, dia 11 de maio. Estes irão juntar-se aos já qualificados BIG 5 (Itália, Reino Unido, Espanha, Alemanha e França) e o país vencedor do ano passado, a Ucrânia.
Vê abaixo o vídeo oficial disponibilizado pela Eurovision da atuação ao vivo da nossa Mimicat e o seu Ai Coração.
Agora que entrámos no mundo da política não saímos mais. Este pode ser o pensamento da Netflix, que depois de um show de ação e mistério com The Night Agent nos oferece um drama ponderado com The Diplomat. Enquanto na semana passada encarámos a comparação do universo estabelecido em The Night Agent com Jack Ryan e Slow Horses, em The Diplomat temos uma espécie de híbrido entre Designated Survivor e Scandal.
O drama toma conta da história que fica submersa em manobras políticas e uma linguagem muito cuidada. Numa ode modesta ao feminismo, The Diplomat é o tipo de narrativa que exige atenção e que é criada para quem gosta de mergulhar em temas um pouco mais complexos.
Explicamos-te todas estas comparações e
singularidades na edição desta semana do Coming Up, fica connosco.
As primeiras impressões de The Diplomat podem não ser a melhor estratégia para nos convencer a entrar no universo da série. Primeiro temos uma estrutura densa, que torna o arranque um pouco mais complexo, dado que entramos a pés juntos no enredo sem termos um contexto. O tema já é, por si só, algo que não encaixa no gosto de toda a gente e os minutos iniciais do primeiro episódio talvez façam muita gente sair da carruagem a meio da viagem.
Para os que ficam o principal ponto de luz que nos faz acreditar que a trama se pode tornar em algo interessante e cativante é o carisma de Keri Russell e a sua contracena cheia de química com Rufus Sewell. Ambos desconstruídos e escritos de forma que não pareçam bonecos de cera, torna a nossa empatia com a dupla protagonista quase imediata. E esse sim é o convite que nos deixa agarrados a esta história. O realismo como os dois personagens são desenvolvidos, com questões banais e mundanas que nos são próximas mesmo que a sua narrativa seja dentro de profissões ou de um meio completamente inatingível é o enquadramento perfeito.
No fundo, e avançando já uma das conclusões sobre a primeira temporada de The Diplomat, os criadores da série sabem como criar e desenvolver personas que nos deixem entusiasmados, mas talvez lhes falte a mesma fluidez no desenvolvimento de uma série.
The Diplomat trabalha a política com uma visão muito estruturada, pensada, pela mão de alguém que sabe realmente os meandros do que está a tentar refletir no ecrã. Mas a densidade normal do cenário político acaba por se traduzir numa temporada onde tudo é muito linear, sem grandes momentos de ficarmos colados ao ecrã ou cliffhangers.
Isto acontece, sobretudo, pela opção da série em se colocar à margem do lugar-comum e leva o tema para fora do expectável deixando os Presidentes em segundo plano para se focar em figuras secundárias que trabalham muito mais nos bastidores.
Para alguém que tenha um conhecimento prévio sobre o que acontece nestes círculos, The Diplomat é um prato cheio, mas para os comuns mortais, há vários momentos em que as reviravoltas da história são demasiado técnicas para as conseguirmos acompanhar.
Nós sabemos, ou melhor, nós sentimos o impacto dos plot twists do mundo político, mas em vários momentos faltou instrução por parte da série, um guia que nos apontasse quais eram os prós e contras das tomadas de atitude. Ainda assim, o argumento ousou e colocou dentro do universo da história a guerra real entre a Rússia e a Ucrânia, que mesmo não sendo o foco principal casou perfeitamente com o universo da série e ainda ajudou a que os momentos em que nos perdemos nas estratégias políticas abrandassem.
Em
resumo, The Diplomat é a melhor série para quem gosta do mundo político,
mas exige um pouco mais de conhecimento do que as comerciais Designated
Survivor, Scandal, The Night Agent, e outras que tais. É uma
série mais “cabeça”, como Slow Horses, aliás as duas poderiam ser ainda
mais parecidas se os subgéneros não tivessem divergido entre a ação de Slow
Horses e o drama de The Diplomat.
E como o prometido é devido, falamos em comparações, e há que dar explicações. Ora, Designated Survivor, mesmo distante, precisamente por ser mais comercial, é o drama político recente onde mais se fala dos bastidores da política, e nesse ponto, The Diplomat conversa bastante com o drama protagonizado por Kiefer Sutherland, apenas carrega um pouco mais no lado quase pedagógico de nos oferecer um pouco mais de conteúdo e conhecimento sobre a importância de cada papel.
Porém, à primeira vista, o paralelo mais próximo que criamos é com Scandal. A narrativa das duas séries não poderia ser mais diferente, mas ambas cumprem um propósito comum: Mostrar que as mulheres também se sabem movimentar nos altos círculos.
Estamos em pleno século XXI e é até um pouco constrangedor pensar que ainda precisamos que produções audiovisuais enalteçam o género feminino, mas no mundo real é importantíssimo que o façam para quebrarem de uma vez as barreiras e cimentarem a igualdade de género e sobretudo mudarem um pouco os nossos pré-conceitos sobre quem imaginamos em lugares de poder.
E claro, aquele final foi um toquezinho singelo de Shondaland
com pirotécnica à mistura para nos dar a falsa sensação da morte de um
personagem que nos é querido. Quem é fã de Shonda Rhimes já tem doutoramento em
eventos deste género no season finale e o resultado é sempre o mesmo.
Numa análise geral, The Diplomat não salta destacadamente para o nosso Top de séries da Netflix, mas continua a ser uma boa história para nos entretermos e com a qual podemos aprender conceitos interessantes se nos propusermos a isso.
Ainda que tenha alguns defeitos no ponto de vista de um comum mortal, a sua visão sobre os bastidores do mundo político é altamente fascinante, adornada com interpretações consistentes de atores de primeira linha que têm em mãos personagens extremamente bem conseguidos.
Não é uma série fácil de maratonar pela questão de não existirem grandes momentos de impacto, e na realidade até parece um pouco deslocada dentro do catálogo da Netflix, tendo em consideração que o seu argumento mais carregado casa muito mais com o estilo de um original da HBO. Mesmo com todas essas considerações, a série foi um sucesso imediato e a qualidade e cuidado na produção merecem esse retorno.
É uma série que expõe o seu alto orçamento, mas fá-lo com requinte, cada cenário de luxo não é utilizado apenas como um elemento de ostentação, ele adapta-se ao conceito e contexto da história. A mesma coisa com o guarda-roupa e todos problemas que esse tema levanta na série, é como se todos os elementos que constroem um projeto estivessem a caminhar no mesmo sentido e quando isso acontece dificilmente o resultado poderia ser algo mau.
Temos encontro marcado na segunda temporada e aguardamos por mais tempo de ecrã entre os Wylers mas também por mais desenvolvimentos da relação entre Heyford e Eidra, que são outra prova da maestria dos criadores na criação de figuras interessantes.
Porque queremos contribuir para o teu prazer pela leitura ou, quem sabe, despertá-lo, o Fantastic apresenta-te, quinzenalmente, uma sugestão diferente. Nesta edição da rubrica Tempo de Leitura, deixamos-te como sugestão o livro O Veredicto: Nos Meandros da Lei, de Michael Connelly.
SINOPSE
Nesta edição, continuamos a nossa viagem pelo Super Saturday e ficamos a conhecer o que se passou nas Finais Nacionais da Estónia, Letónia, Lituânia e Roménia. A poucos dias do início da Eurovisão, junta-te a mim para mais um Destino: Eurovision!
A Estónia com o seu método de seleção, o Eesti Laul, vai ser a primeira paragem desta edição. Foi diretamente do Tondiraba Ice Hall em Tallinn que o país báltico elegeu Alika e a canção Bridges. Desde o início da competição que a cantora foi considerada uma forte candidata à vitória final e venceu a seletiva com 41%. No restante pódio com 32% ficou Ollie com canção Venom e no terceiro lugar os Bedwetters e a sua canção Monster. A voz da intérprete que só por si já é cativante, a melodia e a produção musical de Bridges então... são lindíssimas. Prevê-se uma atuação seguríssima.
Já na vizinha Letónia, em Riga, tivemos o Supernova. Um método de escolha que os letões têm vindo a utilizar para enviar o seu representante para a Eurovisão. Na seletiva do país, os Sudden Lights com a canção Aijā triunfaram com 24 pontos, frutos dos 12 pontos do júri e 12 pontos do televoto. Já Patrisha e 24. Avenija terminaram o pódio com 20 e 15 pontos, respetivamente. Sem sombra de dúvidas que a parte da música em letão, dá um toque especial nesta proposta vinda do país báltico e aqui entre nós… que bem que sabe ouvir as línguas nativas dos países na Eurovisão.
Vamos uns poucos quilómetros mais abaixo até à Lituânia, mais concretamente a Vilnius, capital do país. Foi, nos estúdios da televisão estatal Lituana que Monika Linkyte com a canção Stay foi declarada a grande vencedora do Pabandom is Naujo com 22 pontos em igualdade pontual com Ruta Mur. Já Beatrich ficou-se pela terceira posição com 16 pontos. A vencedora do certame foi encontrada através da metodologia de votação 50/50 mas como critério de desempate, o voto do júri prevaleceu, dando a vitória a Monika. Depois da participação em 2015 e agora com a frase Čiūto Tūto a poder ser entoada de forma unânime na arena de Liverpool, a Lituânia poderá conquistar o televoto europeu e a qualificação para a Grande Final? Merece porque é daquelas músicas que pode surpreender não acham?
A Roménia vai ser o último país a ser abordado nesta edição e em Bucareste decorreu o Selectia Nationala. Numa seletiva onde só o televoto decidiu, Theodor Andrei com a canção D.G.T (On and Off) venceu a competição com 5230 votos contra os 4845 de Andrea D Folclor Orchestra e os 4302 de Andrei Dutu. A Roménia que aposta sempre em diferentes géneros musicais ao longo dos anos e bastante rítmicos será que vai conseguir continuar a sua série de qualificações para a Grande Final conseguida no ano passado? Na segunda semifinal tudo pode acontecer...
A edição de 2023 da Eurovisão realiza-se em Liverpool, em representação da Ucrânia. O evento acontece nos dias 9, 11 e 13 de maio, datas que nos trazem excelentes memórias, uma vez que foram precisamente nestes dias que Salvador Sobral deu a primeira vitória a Portugal, com Amar pelos Dois, em 2017. Será um bom presságio para esta edição? Eu sou o Fernando Conceição e esta foi a quarta edição do Destino: Eurovision.
Capitães do Açúcar é a nova aposta da RTP1 para as noites de segunda-feira. Com exibição semanal às 23h, a partir do dia 1 de maio, este formato de ficção é produzido por Maria João Mayer (Maria & Mayer) e é realizado por Ricardo Leite, a partir de uma ideia original de Tiago Sarmento. A série trata-se de um drama, com traços de humor negro, sobre as novas substâncias psicotrópicas da noite e o universo underground das Belas Artes.
A história acompanha um jovem estudante de ciências farmacêuticas "que decide despedir-se do seu part time deprimente numa hamburgueria franchising e aceitar o convite de um grupo de estudantes, de Belas Artes,que cozinha uma nova substância psicotrópica, vendida em pacotes de açúcar", revelou a produtora da série ao Fantastic.
"Capitães do Açúcar é uma analogia às crianças órfãs da obra de Jorge Amado, Capitães da Areia, que roubam nas ruas para poderem sobreviver. Os Capitães do Açúcar não roubam nas ruas, porém servem-se dos outros para sua própria sobrevivência. Alimentam o vício dos jovens, da sua idade, através da produção de novas pastilhas e ácidos psicotrópicos. Os capitães são um grupo de jovens universitários, do Porto, que não têm uma estabilidade familiar, ou perderam alguém da família que lhes era importante, e unem-se para criar uma base que preenche o vazio das quatro paredes de casa", continuam por explicar os responsáveis do formato ao nosso site. "A ausência de memórias físicas e uma rotina assinalada por antidepressivos é o prólogo do conflito da personagem principal da série — o Bernardo", continuam.
É precisamente a partir de Bernardo que a história se desenvolve, uma vez que tudo aquilo que o jovem necessita é de um "passaporte para romper a rotina e voltar a ser livre" e "ter tempo e lugar para ser jovem". Ao mesmo tempo, "o grupo dos Capitães necessita urgentemente de encontrar um químico que preencha a saída do seu antigo membro, Mendes", resultando num encontro "marcado por dois conflitos", onde "as personagens se usam e salvam-se através do outro". E, mesmo partindo de "realidades e classes distintas", as personagens crescem a partir da rede de segurança que vai sendo acentuada neste encontro.
A série esboça um retrato da geração atual: o feminismo, a inclusão, o mundo virtual, as relações breves e descartáveis, a comunidade LGBT, a especulação imobiliária na cidade do Porto, os sonhos abundantes da geração, a descoberta do prazer, as depressões ilimitadas, o individualismo crescente, os empregos part-time miseráveis, a alergia à beleza natural e o perigo de nos afastarmos do mundo físico com o boom das redes sociais.
Com argumento de Tiago Correia e Tiago Sarmento, Capitães do Açúcar conta com Tiago Sarmento, Vicente Wallenstein, Diana Lara, Igor Regalla, Paulo Calatré, José Mata, Dinarte Branco, Ana Padrão, Jani Zhao, Filipa Osório, Telma Cardoso, Romi Soares e António Parra no elenco. Poderás saber mais sobre a série nas páginas oficiais de Instagram, Facebook ou no site oficial da produtora Filmes do Tejo.
A série pode ser vista todas as segundas-feiras na RTP Play às 12h ou na RTP1 às 23h.
Vê o trailer oficial:
A zona saloia é uma área, mais ou menos cinzenta e de limites indefinidos, que se estende para fora dos antigos muros de Lisboa e engloba vários concelhos. Foi durante séculos a região que essencialmente abastecia de produtos agrícolas a capital, e tinha uma cultura própria, ainda bem característica no século XX – mostrada, por exemplo, no famoso filme de Chianca de Garcia “Aldeia da Roupa Branca”.
Voltinha saloia pelo litoral, do Guincho a Azenhas do Mar
Muito pressionada pela construção e agora com enormes bairros-dormitório, consegue ainda assim manter algumas áreas protegidas, além de outras onde a massificação urbana tem sido controlada, numa luta que parece destinada ao fracasso. Deste grupo de áreas “resistentes” faz parte a faixa litoral, que nos proporciona bons ares, belos passeios (apesar de geralmente ventosos), e pores-do-sol inesquecíveis.
Quando vamos de Lisboa, o tempo muda frequentemente assim que dobramos o Cabo Raso – às vezes para melhor, outras vezes nem tanto. Mas com ou sem sol, e com ou sem vento, a praia do Guincho é sempre um lugar apetecível, nem que seja para um passeio a pé ou para tomar uma bebida, com os olhos postos no mar e nas movimentações dos surfistas. O areal é extenso e parcialmente protegido por dunas. A norte, como paisagem de fundo, o Cabo da Roca e a beleza verde da serra de Sintra. E na época alta de veraneio, entre dois mergulhos na água bem fresca, faz parte da tradição comer uma bola de Berlim, a massa ligeiramente salgada a fazer contraponto ao açúcar grosso que a cobre.
Além da praia, onde há sempre lugar para a toalha (embora às vezes não haja nenhum para estacionar o carro…), vale a pena conhecer o Núcleo de Interpretação da Duna da Cresmina. Neste sistema dunar, com 66 hectares de área e características muito peculiares, foram criados um espaço expositivo/informativo e um percurso de passeio sobre passadiço de madeira. Estas infra-estruturas têm como finalidade ajudar a compreender e incentivar a preservação de uma área com um equilíbrio ecológico delicado e de grande importância na protecção dos efeitos nefastos do mar.
Seguindo para norte sempre junto à linha de água, abrigada entre a escarpa rochosa encontramos a praia do Abano. Ventosa e com ondulação forte, é uma das preferidas pelos kitesurfers. Nos dias mais soalheiros e tranquilos, é uma boa alternativa às suas vizinhas, por ser menos acessível: a estrada é de terra batida, e depois há que descer uma escadaria até à praia.
No topo da arriba sul ergue-se o Forte do Guincho, também conhecido como Forte das Velas. Foi construído em 1642, após a Restauração da independência de Portugal, fazendo parte da antiga linha de defesa da Barra do Tejo. Da sua posição dominante temos uma vista privilegiada sobre o mar e as praias vizinhas. Importante era também o facto de estar em comunicação visual com os outros fortes mais próximos, em particular o de S. Brás de Sanxete, situado no Cabo Raso, a sul, e o Forte da Roca, a norte, no cabo com o mesmo nome. Tal como outros pequenos fortes da mesma época, foi construído com pedras de vários tamanhos, ligadas por argamassa, e tem um formato rectangular. Danificado pelo terramoto de 1755, foi reforçado com um paredão em cantaria aquando da sua reconstrução, em finais do século XVIII. Desactivado em 1832, quando o exército miguelista saiu da região de Lisboa, não voltou a ser ocupado para fins militares. Já no século XX, funcionou como casa-abrigo para campistas durante algumas décadas, até ser classificado em 1977 como imóvel de interesse público. Está actualmente sob a responsabilidade da Câmara de Cascais e já teve projectos de concessão, mas continua abandonado. O seu paredão é um dos poisos preferidos dos pescadores à linha.
Voltamos à estrada principal, a N247, e continuamos na direcção do Cabo da Roca. Mesmo à entrada da aldeia da Azóia, vale a pena fazer um pequeno desvio até ao Moinho Dom Quixote, um restaurante-bar com esplanada e uma vista incrível sobre a costa. O moinho existe – não com o formato dos moinhos da La Mancha, contra os quais lutou o visionário da história de Cervantes, mas com o aspecto dos tradicionais moinhos de vento da região de Lisboa. Estava em ruínas mas foi recuperado nos anos 80 e rodeado de um jardim frondoso e cheio de recantos rústicos. Ao lado, a casa onde funciona o restaurante, também ela decorada num estilo muito próprio e repleta de pormenores exóticos. O lugar ideal para descansar e fazer uma refeição, ou simplesmente tomar uma bebida.
Tal como publicitado até à exaustão, o Cabo da Roca é o ponto mais ocidental do continente europeu, e a sua fama atrai muitos milhares de visitantes todos os anos. Mas preparem-se para o vento, que muitas vezes é extremamente forte neste lugar exposto aos elementos da natureza. A 140 metros de altura, o local está marcado com um cruzeiro, onde uma lápide reproduz as coordenadas em que se situa e a célebre frase que Camões escreveu sobre este cabo n’Os Lusíadas. A vista, escusado será dizer, é arrebatadora, com o oceano a estender-se à nossa frente até ao infinito. Há um trilho curto ao longo da falésia, protegido por um corrimão em troncos de madeira, e quem for destemido e ágil consegue descer pelas arribas até à praia do Louriçal, um recanto pedregoso rodeado de rochas a que o vento e a água deram formatos caprichosos.
Acima do miradouro destaca-se o farol, branco e vermelho. Construído na segunda metade do século XVIII por ordem do Marquês de Pombal, é actualmente o segundo farol mais antigo da nossa costa. No início, funcionava com candeeiros alimentados a azeite e só foi electrificado em 1897, quando passou a estar também dotado de uma sirene a vapor. O sistema óptico que ainda é usado hoje em dia data de 1947, com algumas modernizações efectuadas pontualmente, e o Farol da Roca continua a ser um dos pontos de referência mais importantes do litoral português e da Europa.
Voltando pela Estrada do Cabo da Roca, deparamos com uma indicação para a praia da Ursa. É mais um desvio obrigatório, este para ser feito a pé. Percorremos umas quantas centenas de metros em terreno aberto, até que avistamos o rochedo piramidal que é o ex libris da praia e faz as delícias de fotógrafos e instagrammers. Aqui chegados, há duas hipóteses: ou contentamo-nos em ver a praia e a paisagem cá do alto (e já não é pouco…), ou descemos por um dos trilhos íngremes de acesso ao areal. Não é tarefa fácil nem para todos, e há que ter ténis apropriados, para evitar algum acidente. A recompensa é uma praia selvagem, frequentemente sem ninguém, e ver de perto as grandes rochas que lhe dão o nome.
De regresso à N247, seguimos até Almoçageme. É uma aldeia típica da zona saloia, com casas baixas pintadas de branco, ornamentadas com a tradicional faixa amarela ou azul, agora misturadas com outras de traça mais recente – e é também a porta de entrada para uma das minhas praias preferidas, unanimemente considerada como uma das mais bonitas do nosso país: a praia da Adraga. Tanto pela sua beleza como pelo facto de ter uma boa estrada de acesso, parque de estacionamento e um restaurante junto à entrada, é uma das praias mais frequentadas da região de Sintra. O areal é amplo, mesmo na maré alta, e por trás ergue-se uma falésia abrupta. No lado sul, as fragas que a protegem fazem lembrar velas latinas surgindo umas por detrás das outras, e na maré baixa há passagem para a pequena enseada da praia do Cavalo. No lado sul, é semifechada por pequenos rochedos, por entre os quais chegamos a duas outras praias de areia e pedra, minúsculas e só visíveis na baixa-mar.
Esta é também uma zona de excelência para fazer caminhadas pelas arribas. Há um caminho de terra batida que sobe até ao miradouro da praia do Caneiro, com vistas soberbas sobre os rochedos espalhados até ao Cabo da Roca, e a partir dali vários trilhos que percorrem a falésia em toda a sua extensão. Um deles leva ao Fojo da Adraga, também chamado de Fojo dos Morcegos, um enorme algar aberto na falésia, por onde entra o mar.
Outro dos locais do litoral saloio mais frequentados em qualquer altura do ano é a Praia Grande. A sua dimensão faz jus ao nome, e é acompanhada em toda a extensão por uma avenida com bares e restaurantes. No extremo norte, anexa ao Hotel Arribas, há uma piscina de água salgada (uma das maiores da Europa), aberta ao público entre Abril/Maio e Outubro, e muito popular na época alta. Além da piscina principal, que tem 100 metros de comprimento e um formato ligeiramente arqueado – como o deck de uma embarcação – há uma piscina mais pequena para crianças.
A norte da piscina há outra praia, a do Rodízio, e continuando pelo trilho delimitado por uma balaustrada feita de troncos chegamos ao sítio arqueológico do Alto da Vigia. Pese embora hoje apenas se vejam algumas pedras e o local pareça não ter grande interesse, as escavações arqueológicas que têm vindo a ser feitas identificaram os vestígios mais antigos ali encontrados como pertencendo provavelmente a um templo romano dedicado ao sol, à lua e ao oceano. Mais tarde, no período islâmico, existiu neste lugar um ribat (edifício onde se aloja uma comunidade de sufis), e mais tarde ainda uma torre de vigia – certamente devido à sua localização privilegiada, com grande visibilidade sobre o mar e simultaneamente sobre a ribeira de Colares, cujas águas foram em tempos remotos bem mais abundantes e navegáveis.
E por falar em ribeira de Colares, rumamos ao sítio onde ela desagua: a Praia das Maçãs. É mais um dos lugares icónicos desta região e a praia mais acessível aos sintrenses – é famoso o eléctrico que a liga à vila durante parte do ano (normalmente de Abril a fins de Outubro), num percurso de 11 km que dura 45 minutos e tem tanto de útil como de turístico, descendo em curvas e contracurvas pela serra e seguindo depois por Galamares e Colares até ao terminal no centro da Praia das Maçãs. Procurada por surfistas, banhistas e apreciadores de peixe e marisco, a localidade é essencialmente virada para o turismo, com vários hotéis e alguns restaurantes afamados onde ao fim-de-semana nunca é fácil encontrar mesa para almoço sem fazer reserva prévia. Em crescimento e frequentada para banhos desde o século XIX, ainda sobrevivem na povoação algumas casas de traça antiga, umas mais simples, outras meio apalaçadas.
Quando se aproxima o final da tarde, é hora de ir até à aldeia das Azenhas do Mar, um dos postais ilustrados mais divulgados de Portugal – e ainda mais encantadora ao vivo do que nas fotografias. Empoleirada sobre uma falésia quase vertical, que parece ter sido talhada a golpes de machado, desta antiga aldeia piscatória restam algumas casinhas brancas, paredes-meias com casas de férias do século passado, também brancas, e todas elas já tão uniformizadas que é difícil destrinçar umas das outras. Cá em baixo, a praia é pequena e algo pedregosa, pouco convidativa, mas a piscina rústica roubada ao mar atrai as atenções e os banhistas quando o tempo está bom. Com o mar alterado, desaparece sob as ondas que sobem até ao paredão.
A povoação estende-se para sul, ao longo da estrada que vem da Praia das Maçãs e que é, ela própria, um miradouro de excepção. Entre os inúmeros spots para ver o pôr-do-sol na nossa costa, este é um dos melhores, com o laranja do céu a reflectir-se na água, dourando a atmosfera e as casas que espreitam do outro lado da praia. Haverá melhor maneira de terminar o dia?
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Foto: Direitos Reservados |
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SINOPSE
O Super Saturday é uma época bastante complicada para os fãs da Eurovisão, não sabemos que final nacional iremos acompanhar nesse dia. Eu infelizmente tenho esse problema, certamente que alguns partilham a mesma opinião. Quero acompanhar o prestigiado Sanremo de Itália, o Dora da Croácia, o Dansk Melodi Grand Prix e até mesmo o Malta Eurovision Song Contest. Vou gerindo a noite conforme possa ao mesmo tempo que ligo o computador portátil numa, o Ipad noutra, o telemóvel noutra. Mas vamos continuar a nossa viagem.
Bem vindos a Itália e ao prestigiado Festival de Sanremo. Certame de escolha do representante italiano que para além de ser um dos mais antigos, tem sempre o seu requinte em todas as noites, especialmente na final. A elegância, as propostas a concurso são o prato principal mas tragam o café… que a noite geralmente é longa.
Marco Mengoni será uma vez mais o representante italiano depois da sua primeira participação na Eurovisão em 2013, na cidade sueca de Malmo. O intérprete irá levar a Liverpool a canção Due Vite tendo sido desde início um dos fortes candidatos à vitória. A votação não teve margem para dúvidas, te e foi consensual tanto pelo júri como pelo televoto local. O restante pódio foi ocupado respetivamente por Lazza e Mr.Rain.
Viajamos não muito longe até Opatija, cidade croata onde se realizou o Dora 2023. Depois do Guilty Pleasure de Mia Dimsic no ano passado, a Croácia este ano traz-nos uma das propostas mais irreverentes da Eurovisão 2023. Os Let 3 levam a Liverpool a canção Mama SC, cuja mensagem é integralmente anti guerra. A banda venceu a competição com 279 pontos, dos quais 105 vieram do júri e 174 do televoto. Harmonija Disonance e Detour ficaram-se pelos segundos e terceiros lugares com 155 e 114 pontos.
Da Croácia vamos para a Dinamarca, mais concretamente para Næstved, sitio onde recebeu o Dansk Melodi Grand Prix. Os nórdicos decidiram enviar Reiley, uma estrela do TikTok a nível mundial. O cantor nascido em Tórshavn, nas Ilhas Faroé, irá interpretar Breaking My Heart tendo vencido a competição com 43%. Já Nicklas Sonne e Micky Skeel seguiram-se no restante pódio com 34 e 23%. Será que a Dinamarca estará de volta à Grande Final? O Reiley promete dar tudo em palco!
Terminamos a nossa viagem de hoje em Ta' Qali, no arquipélago de Malta, onde se realizou o Malta Eurovision Song Contest. Foram 16 canções a concurso e os The Busker com a sua canção Dance (Our Own Party) leva-nos para ritmos bastante funky e ao mesmo tempo catchy, e como a letra da música nos diz “ But Hey, Wait? What You Say? Do you wanna dance?” Liverpool? Preparem-se para a party!.
O Super Saturday não fica por aqui e na próxima edição falamos das restantes delegações que faltam. Estão a ver o porquê de ser complicado acompanhar este dia?
Eu sou o Fernando Conceição e esta foi a terceira edição do Destino: Eurovision.
Estruturalmente The Night Agent não chega a ser um completo drama, mas também não podemos dizer que seja um thriller, porém é no híbrido dos dois géneros que nos consegue conquistar, fazendo desta história uma das melhores tramas de espionagem e política lançadas nos últimos tempos.
Aproveitando o embalo do sucesso das histórias que misturam teorias da conspiração e o controverso mundo da política, The Night Agent consegue prender-nos do primeiro ao último segundo com uma narrativa bem alicerçada onde os cliffhangers tornam os dez capítulos facilmente maratonáveis.
Com uma produção
competente e um elenco carismático, The Night Agent pode
facilmente tornar-se num dos títulos-chave do catálogo da Netflix, que volta a
entregar qualidade depois de uma sequência de histórias originais que baixavam
a qualidade do catálogo por falta de inspiração.
Mais adulta, ponderada e (dentro do possível) realista que The Recruit e um pouco menos cerebral que Slow Horses, The Night Agent faz regressar o estilo narrativo da primeira temporada de Designated Survivor acrescentando-lhe mais ação e um desenvolvimento coeso que sustenta os mistérios por dez capítulos de quase uma hora cada.
O primeiro capítulo já nos desperta alguma curiosidade, mas o grande trunfo da introdução da série é o ritmo, que faz o tempo de episódio voar. Por mais densa que a trama seja, a forma como tudo flui rapidamente sem grandes fillers deixa-nos presos e quando damos conta chegamos ao final do capítulo com um cliffhager que não nos deixa escapatória possível.
O enredo é bom. Isso é um facto. Mesmo que em alguns pontos da história as soluções e escolhas sejam previsíveis, o facto de termos momentos como a revelação das verdadeiras intenções de Farr baralha-nos um pouco as contas. Quando achamos que sabemos qual é o passo seguinte na trajetória de Peter e Rose a série consegue deixar-nos na dúvida sobre se o caminho escolhido será o mais convencional ou se vão “chutar o balde” e entregar-nos uma mudança completa no tom.
Mas já nos estamos a adiantar. Voltemos atrás. No primeiro episódio, quando Peter atende o telefonema e percebemos que vamos entrar numa trama de espionagem a nossa memória leva-nos logo para uma comparação com The Recruit. As duas tramas, apesar da proximidade, não podiam ser mais diferentes. Aqui além de termos uma construção de universo mais credível, temos um casal protagonista que nasce de uma forma mais natural e com muito mais química.
Há algumas conveniências no que toca às
habilidades de Rose para a tecnologia que facilitam o desenvolvimento, mas
ignorando esse caminho fácil, a relação de Rose e Peter consegue prender-nos.
Avançando na história, já depois do salvamento, entramos no típico jogo de xadrez, onde tentamos encaixar personagens e as suas intenções. Mas tudo isso acontece com a Casa Branca como pano de fundo, e se há algo que sabemos sobre a Casa Branca é que quem lá trabalha não tem nada de ingénuo.
Todos os elementos do “governo” entram na história como elementos dúbios, deixando as máscaras postas para nos fazer entrar no mesmo quebra-cabeças dos protagonistas. Aliás, este é um dos grandes pontos positivos da série, porque com isso consegue fazer-nos criar empatia com Rose e Peter. Nós espectadores, tal como eles, procuramos os traidores, e desenvolvemos conexões com os personagens na expectativa de que aqueles que nos convenceram sejam fiéis até ao fim. Spoiler Alert: Não é, de todo, isso que acontece.
A narrativa avança e quando achamos que estamos a ir no bom caminho, em que os pontos se começam a ligar e já sabemos quem defende o quê, chega o plot twist de Farr que torna tudo muito mais vibrante. Peter que era até agora um elemento de segundo escalão passa a ser uma das pessoas mais procuradas do mundo, numa representação fiel sobre como a vontade de um grupo de membros da política consegue toldar a realidade e fabricar factos que levem o mundo a acreditar que aquilo que nos contam é a verdade.
Os media são, mais uma vez, um ponto intermédio no xadrez político, mas ao mesmo tempo que o enredo acerta na aposta e nos deixa completamente vidrados no jogo de perseguição do gato e do rato, este é um dos pontos dos pontos de maior inconsistência de The Night Agent.
Estamos a falar da Casa Branca e dos Estados Unidos onde os media descobrem onde qualquer celebridade está em cada segundo do seu dia, logo toda a perseguição a Peter torna-se difícil de digerir, afinal de contas, como é que perdem de vista um simples comum mortal? É certo que Peter tem treinamento para desfazer o seu rasto, mas, ainda assim, custa-nos a comprar essa parte da história.
Ignorando a inconsistência com a realidade, a trama segue com o desenvolvimento de um arco secundário rico e que consegue garantir, mais uma vez, a nossa empatia com os personagens da série. Maddie, a filha do Vice-Presidente, que é na verdade o mandachuva por detrás do que está a acontecer no mundo, entra na história para aliviar a ação e dar-nos um drama envolvente. Maddie é um meio para um fim.
Utilizada como arma de arremesso, Maddie é, talvez, uma das maiores surpresas da história por passar de personagem despercebida a protagonista num estalar de dedos. A conexão com Arrington numa ligação quase maternal traz química às duas personagens e atrai-nos para a história. Quando damos conta já estamos a seguir a série muito mais por Maddie, Arrington, Monks e Peter, e Rose, que era a vítima inicial já se tornou um mero adereço.
Um dos grandes trunfos de The Night Agent é a facilidade com que nunca deixam o argumento perder o fôlego. Por mais que uma pequena parte da história se resolva, nunca ficamos sem mistério, nunca ficamos com a sensação de que as coisas “estão bem”, estamos sempre com a sensação de sobressalto, e sem darmos conta cada vez mais envolvidos com a trama.
Como é expectável, no final tudo se resolve e apesar da morte colateral de Monks, o núcleo central da história sai ileso e reforçado dos eventos da primeira temporada, e talvez este seja o grande ponto negativo a apontar a The Night Agent. Depois de uma temporada frenética faltou no final um pouco mais de risco e arrojo, algo que manchasse um pouco a ideia de que existe um “final feliz”.
A ideia que fica é que a meio da temporada os autores perceberam que o
material que tinham em mãos era excelente e começaram a resguardar-se para não
perderem personagens potencialmente interessantes e carismáticos para uma
segunda temporada. Contudo, esse detalhe de manchar um pouco mais o final poderia
ter elevado ainda mais a fasquia da série.
Num todo The Night Agent é uma das melhores tramas originais que a Netflix lançou nos últimos tempos e chega ao catálogo com a potencialidade de se tornar no Jack Ryan da plataforma. Numa ousadia controlada, a série tem um desenvolvimento que nos agarra e nos faz querer ver mais.
A renovação quase imediata não foi uma surpresa, dado que o investimento bem-sucedido em cenários de luxo teria de ser rentabilizado.
Desconhecido da maioria do público, Gabriel Basso entra um protagonista com clivagens, ele é intrinsecamente bom, mas por mais que ganhemos afeto por ele e o classifiquemos como herói, percebemos que há ali escolhas que o podem tornar num personagem ainda mais interessante. Talvez se a segunda season o levar a situações limite possamos vê-lo a fazer escolhas um pouco menos politicamente corretas. E é essa linha dúbia que nos aumenta ainda mais a curiosidade para o que vem daí.
No encerramento da temporada a ideia com que ficamos é que vamos entrar numa outra realidade, longe dos eventos desta, e esse soft reboot pode entregar uma história verdadeiramente empolgante sem ter de se agarrar às amarras dos acontecimentos desta. Ou seja, mais uma jogada de mestre dos criadores que conseguem manter o mesmo universo, mas, caso seja essa a sua vontade, apresentar algo quase original mantendo apenas o protagonista.
As expectativas estão lá em cima, e nós temos bilhete comprado para a segunda temporada, que virá, obviamente, com maior investimento, dado que a série garantiu lugar cativo nos TOP10 de grande parte do mundo por várias semanas, e investimento e ação no mesmo projeto são a chave mestra do sucesso. É aguardar pelo lançamento, e não parece que a Netflix vá esperar muito tempo para lançar novidades.
Para já está aberta a época das teorias. Para onde foi Peter? Como fica o relacionamento com Rose? Como fica a Casa Branca depois de grande parte das principais figuras se terem revelado traidores? Dúvidas que a segunda temporada terá de responder garantindo que a qualidade não desce.
Voltamos a Cidade Invisível, onde os mitos e lendas ganham forma e convivem no mundo dos humanos. E se falamos de mitos e lendas, falamos de riqueza, de profundidade, de pedaços de história que foram passados de geração em geração durante anos. Porém todos os detalhes que tornaram as lendas ricas ao ponto de prosperarem até à atualidade desvanecem-se numa segunda temporada confusa e com muito pouco para contar.
Cidade
Invisível tinha tudo para se tornar numa das grandes obras brasileiras do
mundo do streaming, sobretudo pelo lado cultural que traz no seu
argumento, mas perde-se nos fait divers clichês. Falamos sobre isto e
muito mais na edição desta semana do Coming Up. Fica connosco!
As novas
criaturas representadas seguem os mesmos princípios das anteriores?
Um dos pontos positivos da primeira leva de episódios prende-se com a forma como as entidades milenares foram introduzidas dentro do quotidiano normal dos humanos. Figuras que viviam nas sombras, no meio de todos, mas indetetáveis ao olhar comum, dada a sua experiência em esconder as suas singularidades.
Esse encaixe narrativo não acompanhou a renovação da série, e nesta segunda temporada o lado mais “normal”, que gera essa conversão que nos fascinou é completamente absorvido por uma trama mística onde eventos sobrenaturais são vistos com alguma normalidade.
Além de tudo isto, termos muito mais entidades nesta segunda temporada que na primeira, e algumas bem mais inusitadas que saem do imaginário cultural brasileiro (exceção para a Mula sem Cabeça, mas já lá chegamos).
O mundo linear parece ter-se tornado invisível, existem vários momentos em que temos singularidades a apresentarem-se a olho nu, algo que vai completamente contra os pilares de construção da trama que nos apresentaram antes.
O Menino Lobo,
por exemplo, quebra um sem número de regras de convivência de entidades,
acabando por desvirtuar o conceito da série. O núcleo de personagens mundanos
desta segunda fase de Cidade Invisível tem uma estranha perceção de que
os mitos e lendas existem e nem chegam a ter momentos de questionamento. Se bem
que neste ponto até podemos relevar um pouco dado que os autores colocaram
singularidades em praticamente todos os seus personagens.
Temos mais
personagens, mas e a história? Ela faz sentido?
À medida que os episódios passam a sensação com que ficamos é de que o poder criativo dos argumentistas secou. O enredo da segunda temporada é o clichê da busca do pai pela filha, e vice versa, levando os seus heróis a passarem por uma série de situações de perigo.
Vimos isto repetidamente em séries como Supernatural, Once Upon a Time, e outras que tais. Mas até poderiam ter enveredado por aí, não fosse o caso deste arco tomar conta de toda a temporada, em sucessivas repetições, com cenas que existem apenas para nos dizer que o personagem X é muito mau, e o personagem Y realmente está do lado dos bons da fita.
Parece que todo o texto foi definido à pressa em cima de uma ideia tida em cima do joelho e sobre a qual não pensaram muito. Enquanto na primeira temporada se sentia o cuidado e estudo para incluir pequenos detalhes que nos remetessem para a origem das histórias da Cuca ou Saci, aqui agarraram num punhado de personagens e colocaram-nas a avulso.
Outro ponto importante no qual se nota uma diferença abismal entre as duas temporadas acontece com a explicação cultural de cada ser sobrenatural. Enquanto na primeira fase qualquer leigo na matéria conseguia sair da obra com uma ideia concreta do que era cada uma das entidades, nesta isso não acontece.
A maioria dos espectadores não deve até então saber quem é
Matinta, qual a sua origem histórica. Ela aparece na série como uma espécie de
demónio da encruzilhada, mas pouco ou nenhum contexto lhe é dado. E havia muito
mais sumo por ali.
Então tudo se
resume a Eric e Luna e à luta para ficarem juntos?
Parece redutor, mas a resposta é sim. Os novos personagens têm um outro arco secundário, mas o grosso da história resume-se aos desencontros dos dois. Parece que todas as pessoas que se cruzam nos seus caminhos passam a orbitar à volta das suas vontades, e envolvem-se nos seus problemas de forma gratuita.
Há uma leve sensação de que o argumento se tornou um pouco menos arrojado e sombrio, despindo um subtexto muito próximo de obras dos Irmãos Grimm na primeira temporada, para agora mergulharem no clichê das séries sobrenaturais adolescentes.
A segunda temporada tem apenas cinco capítulos, mas depois de passarmos os olhos por todos eles percebemos que o enredo não tem fôlego para aguentar estes cinco episódios, daí as repetições e os caminhos desinteressantes. O arco de Eric como um ressuscitado que suga maldições, tinha pano para mangas, mas parece ter existido alguma preguiça em dar-lhe mais contexto, mais drama. Ficou tudo pela rama.
Ou seja, as ideias estavam lá, mas faltou alguém que conseguisse desenham um caminho que unisse tudo e tirasse os autores de lugares-comuns. A lenda da Mula Sem Cabeça, por exemplo, foi atirada para o enredo quase sem um fio condutor. Foi gratuito apenas para colocarem mais uma entidade clássica. Mas ao fim ao cabo, a sua função foi assim tão necessária?
A Cuca, por exemplo, ficou completamente dependente das escolhas de Eric e Luna, a história dela foi completamente esquecida e ainda acaba por morrer sem glória.
No meio de
tudo isto, existe uma moral na história?
A segunda temporada apresenta novos vilões. Homens gananciosos que correm atrás da riqueza indígena. Mas como tudo nesta temporada se resumiu aos encontros e desencontros de Luna e Eric esse arco foi deixado para segundo plano, ao ponto das revelações e castigos finais perderem impacto. A ausência de carisma de Castro como vilão também não abona a favor da série, mas aqui nem é tanto culpa do ator, mas sim da falta de diálogos que coloquem os holofotes sobre ele.
A temporada termina com uma mensagem bonita sobre a necessidade de os homens respeitarem a natureza, provando que se esse respeito existir a convivência da floresta, natureza, e toda a fauna e flora não é impossível. A mensagem é bonita, mas casa pouco com o drama que foi contado até então. Aparece na história colocada a martelo, para dar uma espécie de encerramento a uma temporada que teve mais cara de filler do que de epílogo.
Por mais que tenhamos gostado da primeira leva de capítulos, Cidade Invisível não merecia esta renovação. A nossa memória da série foi completamente violada, com a segunda temporada a desfazer o nosso fascínio sobre o trabalho que os autores fizeram a partir daquilo que é a sua cultura.
Ainda deixam um gancho para uma possível continuação, mas este é um caso claro de uma narrativa que já chegou ao estado de exaustão e que não tem pernas para correr mais uma maratona de cinco episódios, se aqui já estava a cambalear, daqui para a frente as possibilidades de pioram só aumentam.
Enfim, é uma pena quando produtos tão ricos se rendem ao clichê, havia muito mais para contar. Talvez o erro principal aqui tenha sido no tom, Cidade Invisível pede algo mais sombrio, até para casar com os mitos carregados de um país tão criativo como o Brasil.
Esperemos que esta tenha sido apenas uma primeira aventura das lendas
do país irmão e que alguma outra série as traga de volta para nos voltar a
encantar.
Voltamos a You, e nada foi o que parecia. A ideia de que tudo se estava a compor e que os rumos da série iam tornar a história em algo que justificasse uma nova temporada não correspondeu às expectativas nesta nova parte que foi, até agora, o maior divisor de águas de You.
Não podemos dizer que a série não é surpreendente, e nem podemos classificá-la como clichê, mas podemos garantir que os showrunners já perderam a mão do texto e estão à deriva sem saber como levar o barco a bom porto.
Analogias à parte, You chegou ao ponto em que já se tornou uma manta de retalhos enquanto mostra que os autores são bastante criativos na hora de criar plot twists, mas péssimos quando o assunto é justificar as suas escolhas.
Entre personagens perdidos e arcos resolvidos às pressas, falamos-te da segunda
parte da quarta season de You na edição desta
semana do Coming Up, fica connosco.
Cumpre
as expectativas e teorias que tínhamos formado?
A primeira parte da quarta temporada parecia um soft reboot da história de You, mas, tal como o protagonista da série já nos provou, as aparências enganam e a narrativa continua tão perdida como no final da terceira temporada.
O episódio sete adiciona o arco do pai de Kate à história e coloca Joe numa posição de submissão perante dois homens muito poderosos envoltos num xadrez político que tinha sumo suficiente para carregar todos os episódios desta segunda temporada. Ou seja, tudo parecia estar a caminhar para que o ritmo frenético de eventos se mantivesse e que a série tivesse a sagacidade de conseguir tornar o seu protagonista numa peça fundamental sem que ele fosse a pessoa que estava debaixo dos holofotes (o que se traduziria numa justificação plausível na hora de ele passar impune), porém, tudo isto se desfez logo em seguida.
O início do descalabro acontece com Dawn, a mulher que até então tínhamos classificado como jornalista e sob a qual tínhamos expectativas depois de a vermos tirar tantas fotos a Joe. Dawn era, na verdade, uma stalker de Phoebe, completamente alucinada que serviu apenas para que os argumentistas tivessem uma forma fácil de enterrar o mistério dos assassinatos. Mas tudo isto soou apenas como uma desculpa forçada e desnecessária.
É velha sensação de “a montanha pariu um rato”, porque neste meio tempo entre estreias qualquer teoria de fã foi muito melhor do que a escolha final da série. A construção da cena também não ajudou a que a ideia que tínhamos de uma desculpa esfarrapada fosse esquecida. A cena da faca e tudo o que se desenrola a partir daí até à entrada de Joe como herói é o suprassumo do clichê barato.
Mas as nossas expectativas conseguem sair ainda mais
frustradas daí em diante, com a revelação de quem é, de facto, Rhys. O plot
twist que traz uma referência leve a The Sixth Sense, mas
que torna algumas das cenas em algo muito pouco palpável. E uma vez que a série
já nos tenta fazer comprar a ideia de que Joe consegue matar pilhas de pessoas
e escapar impune, pedir-nos para aceitar ainda mais este “detalhe” talvez já
seja exigir demais.
É plot
twist ou tentativa de justificar o injustificável?
You é uma série bastante criativa, mesmo que achemos os plot twists demasiado arrojados, não podemos negar que continuam a surpreender-nos. Porém, dentro da chuva de plot twists a que os criadores nos habituaram, desta vez há algo de diferente: A série perdeu-se.
Até ao episódio sete estamos a assistir a uma história, encadeada, cuidada, com rumo. A partir do oito fazemos inversão de marcha, deixando inclusive alguns pontos pendentes (sem qualquer citação) por um ou dois capítulos. Joe tem aquela conversa com o pai de Kate, depois mata Rhys e dá-se aquele momento da revelação, desde esse momento até ao episódio em que ele mata Tom eles não se cruzam, não há qualquer referência, qualquer conexão. Nem mesmo uma tentativa forçada do texto em colocá-los cara a cara, com um aperto formal de mão por Joe ter feito exatamente aquilo que ele pediu.
Além disso, depois de Joe ter “exterminado” o problema de Tom e sabendo ele que o pai de Kate é dono de uma empresa de segurança que consegue fazer os problemas se evaporarem, não podia ter, simplesmente, recorrido a ele para salvar Marianne em vez de ter todo o momento de loucura psicótica?
Parece que o plot twist (que é completamente injustificado e infundado) saiu tão da zona de conforto dos argumentistas que eles se esqueceram dos alicerces que tinham construído até então. Soou a série escrita por Ryan Murphy, em que introduzem mistério atrás de mistério até estarem tão atolados que tem de encontrar uma saída de emergência para resolverem pelo menos uma das partes do puzzle que criaram.
Teorizando um pouco, este plot twist poderá
indicar que Joe tem algum tipo de doença neurológica que vai acabar por fazer
sentido lá à frente, mas apesar disso, parece que os autores souberam em cima
do joelho que a próxima temporada seria a última e tiveram de introduzir às
pressas uma referência que vão precisar para justificar as ações e destinos
seguintes.
Ignorando
a falta de coerência, pelo menos o final é satisfatório?
Bom, vamos ignorar o facto de o enredo exigir uma total suspensão da descrença no momento em que Joe se salva daquela queda da ponte, porque já é, de facto, pedir de mais. Falemos sobre os restantes personagens antes de Joe. À exceção de Phoebe, todo o elenco novo que parecia cheio de vida e com voz tornou-se figurante.
O apego que construíram com Phoebe, Adam, Kate, e os restantes foi tempo desnecessário de ecrã perante o que foi o seu impacto na história. Phoebe teve um momento em que assumiu algum destaque com o seu PTSD, mas para quem vem de um episódio em que ela é a estrela como o do rapto e passa para o evento do seu casamento percebe que a série se está completamente a borrifar para ela.
É um mero adereço da história cuja importância é quase nula. Faltou dedicação à personagem, faltou tempo de ecrã até mesmo para mostrar a sua dor e entendermos o peso que aquele evento traumático teve. Talvez se não tivéssemos um plot twist a atrapalhar o que estava a correr tão bem? Fica a dúvida no ar.
Mas vale a pena ressaltar que referimos que Phoebe ainda foi a que mais impacto teve, porque se nos voltarmos para Adam a história consegue ser ainda pior. A morte dele foi só uma desculpa para o retirarem da série.
Quanto a Adam e
Phoebe eles são personagens secundários, é injusto o que lhes fizeram, mas até
ignoramos. Agora, Kate? Kate foi, até então, descrita como figura principal da
temporada. Neste final o que lhe aconteceu? Ficou a marinar sobre uma decisão
que tinha de tomar, à espera de que tudo se resolvesse. O encerramento da
temporada dá-lhe um pouco mais de gás para o futuro, mas até agora continua a
ser a mais desenxabida coprotagonista da série.
Há
futuro para You?
Caso a próxima temporada se confirme como a final, You consegue convencer-nos a voltar. Na esperança de que tudo acabe por se provar como o fruto de um distúrbio da personalidade Joe. Forçosamente vamos encontrar uma história diferente a partir de agora.
Ele deixou de lado a sua humanidade que nos fazia criar empatia por ele e torcer até para que se safasse. A morte de Edward e a forma como gratuitamente ele atira Nádia para a prisão são uma completa mudança de paradigma na personalidade do protagonista. Ele também terá mais poder, o que o poderá aproximar ainda mais um pouco do clássico American Psycho.
You já provou ser forte na reciclagem de plot twists clássicos, e talvez essa mudança de postura traga finalmente algo novo. A série está a precisar de respirar, esta parte dois foi uma luta para evitar um afogamento no mistério.
Perante tudo isto, o futuro de You parece agora um pouco mais promissor. Contudo, os autores de You conseguem sempre deixar-nos com essa esperança e no final das contas só nos desiludimos mais, por isso estamos no ponto em que já não sabemos bem o que pensar sobre a próxima temporada.
No campo das expectativas, teremos uma Marianne que provavelmente vai procurar vingança em vez de ficar quieta na sua vida normal. Marianne poderá ser o grande Némesis de Joe, agora que tem do seu lado o trunfo de uma falsa morte. Mas será que alguém lhe dará crédito? Será que ela é suficientemente audaz para criar pontos de conexão.
A ideia com que ficamos é de que Marianne tem muito a perder. Esperemos que futuro coloque Joe entre verdadeiros tubarões agora que está no xadrez dos mais poderosos, ou seja, que a série faça inversão de marcha e volte ao caminho que estava a seguir no arranque da quarta temporada. Esperemos para ver se ainda há sumo ou se esta é uma fonte que já secou. Para já segunda opção parece mais realista.
Ainda estamos em março, mas The Last of Us já conquistou, destacadamente, o título de melhor série do ano. Será difícil encontrarmos um projeto que reúna a mesma minúcia de diálogos, a mesma química entre o elenco e um cuidado tão extremo com o pormenor. The Last of Us é um projeto de detalhes, uma série de ação apocalíptica onde a humanidade e a leitura que faz sobre ela são os ingredientes principais.
Com uma construção cinematográfica melhor que muitos filmes de culto, a aposta da HBO Max é a prova de como ainda é possível quebrarem-se nichos e sentar à mesma mesa pessoas com gostos diferentes para comentarem o mesmo projeto de ficção.
É
uma obra, no verdadeiro sentido da palavra, onde tudo é construído e fundado
usando o carinho como cimento. Falamos sobre o resultado fascinante desta
demanda na edição desta semana do Coming Up. Fica connosco, esta é uma daquelas
séries que vale a pena ser comentada.
Quem nunca
jogou o jogo original vai sentir falta de contexto? É algo necessário?
Tal como em qualquer outro projeto que tenha um material base a servir de contraparte, os fãs do jogo têm pelo caminho pequenos “mimos”, easter eggs e, obviamente, uma experiência ainda melhor.
Contudo, para quem é leigo na história de The Last of Us, a série encarrega-se de nos apresentar a este mundo e de nos fazer sentir parte da jornada. O contexto é dado como se fossemos espectadores totalmente novos no universo de The Last of Us, e o trabalho de empatia com o público é feito em cima do argumento da série, sem dependências externas para quem assiste.
Na maioria do tempo a série segue o rumo do jogo, mantendo-se maioritariamente fiel ao storytelling, porém, a forma como a série trabalha a estrutura pré-existe é soberba. Existe o cuidado de fazer cada diálogo ainda mais impactante, de tornar as cenas ainda mais sensíveis e próximas.
O grosso da história do jogo torna-se aqui um manual para os caminhos dos personagens, para que depois os autores se encarreguem de acentuar o lado humano que já têm no jogo. E nessa transição do jogo para a série a atuação de Pedro Pascal e Bella Ramsey é exatamente o que faltava para que um bom texto se tornasse ainda melhor. A cumplicidade dos dois é destrutiva, e só melhora com o avançar da temporada.
Mesmo na sua postura mais fechada, Pascal entrega tudo com o seu Joel, e o último episódio é uma prova viva disso. A raiva, a paixão, nós conseguimos entender cada emoção só de olharmos para ele. A proximidade com Ellie no momento da girafa ou quando a tenta fazer rir depois de tudo o que passaram são apenas dois dos momentos que nos aconchegam o coração e nos fazem mergulhar neste universo.
A dupla é a personificação de magnetismo, que nos atrai para dentro daquela história fazendo-nos sentir que o tempo do episódio voa. Mesmo nos capítulos mais longos.
É uma jornada
de herói?
Tem alguns pontos comuns das jornadas de herói clássicas, mas a série encarrega-se de desmistificar a ideia de que tudo se divide na dicotomia entre o bem e o mal. The Last of Us é sobre humanidade, e não há nada de mais humano senão a capacidade de errar.
Tanto Joel quanto Ellie têm momentos em que tomam atitudes questionáveis, mas mesmo nesses momentos a série entrega-nos alguma moral da história, esforçando-se para mostrar que o ser humano é, por defeito, egoísta, amante de trivialidades, mas, também, afetuoso e companheiro. E todas estas características são mostradas cuidadosamente na série.
Estamos perante uma realidade onde o mundo está por um fio, onde todos lutam pela sobrevivência, e nessa situação limite ninguém pode ousar em atirar pedras. A proximidade com a pandemia real da COVID-19 só ajudou a que o argumento se tornasse ainda mais credível. Por mais que estejamos a falar de um quase apocalipse zombie, se esmiuçarmos tudo o que a série retrata encontramos paralelos assustadores entre a ficção e a realidade, sobre o egoísmo e o pensamento crítico absurdo da população egocêntrica, assim como a necessidade de uma grande parte da população se juntar a posicionamentos radicais para calarem as vozes da sua própria consciência.
A análise sociológica da série é assustadoramente realista, ao ponto da parte fantasiosa se tornar um acessório para aquilo que nos querem contar. O retrato está ali, entregue, de forma nua e crua para quem o quiser entender. E mesmo para os mais céticos que ainda têm alguma resistência em se entregar a uma história com uma visão um tanto ou quanto sobrenatural da realidade, a trama encarrega-se de entregar justificações científicas plausíveis para que não pareça uma escolha banal.
Voltamos a bater
na mesma tecla, mas o ingrediente principal do sucesso de The Last of Us
prende-se com os detalhes da sua construção, e só alguém muito envolvido com a
sua história conseguiria ter tantos pormenores em consideração.
É uma parábola
da realidade?
The Last of Us leva os seus personagens ao limite, colocando-os em posições controversas, mas, de uma forma geral coloca Joel e Ellie na posição de peões num jogo de xadrez onde a derrota está praticamente garantida. A função deles é desafiar as estatísticas. E no fundo, é aquilo que todos os dias todos nós tentamos fazer no nosso dia a dia, com o pequeno grande detalhe de que nos nossos casos não estamos perante um jogo de vida ou morte.
O último episódio, que é um dos grandes highlights da série, mesmo com o seu fecho anti climático, coloca em prática aquele jogo que tantas vezes já fizemos na escola. Estamos perante uma ameaça, e para salvarmos todos temos de sacrificar um, qual é a coisa certa a fazer? A escolha é polémica, sobretudo para nós que vivemos com uma ideia enraizada do cristianismo que nos diz que tudo é aceitável para o bem maior, mas se colocarmos a questão numa outra perspetiva, de que lado estamos a ser mais egoístas? Naquele em que defendemos o sacrifício de Ellie para a cura de todos ou naquele em que sacrificamos uma vida apenas para garantir que todas as outras possam prosperar? A escolha é impossível.
É fácil argumentar para ambos, mas a posição da pessoa que escolhe é simplesmente aterradora. A série constrói isso em frente aos nossos olhos.
Na primeira vez que nos cruzamos com Joel sentimos a dor dele, depois passamos por um processo em que o personagem está preste a saltar de um precipício hipotético até que dá um passo atrás e percebe que há esperança, a seguir entendemos que o destino voltou a fazer das suas e Ellie é a cura para uma dor que nunca se ultrapassa, para no final de tudo isto vermos Joel a ser novamente confrontado com uma perda iminente sem que ele, mais uma vez, possa impedi-lo. É revoltante, é angustiante, e por isso conseguimos entender o caminho que o leva ao comportamento bruto do último episódio.
Ainda assim, vale ressaltar, que a série também usa a influência da perspetiva para nos levar a defender a sua ideia do que é o “bem”. Se nos pusermos nos sapatos de Katherine, ela agiu com rancor e por vingança contra Henry, e nos condenamos essa atitude, catalogámo-la como vilã, mas Joel também agiu com raiva e rancor contra todos os que lhe levaram Ellie e nós fomos condescendentes.
É tudo uma questão de perspetiva, o que reforça a ideia de que estamos perante uma parábola sobre a vida, porque seja qual for a situação, a perspetiva dará sempre uma interpretação diferente da realidade, seja ela certa ou errada.
A série é
consistente? A segunda temporada não é um esticar de corda?
O hype gerado em torno de The Last of Us é fruto do mérito da série em garantir que a cada novo episódio nos fazia sentir alguma faísca.
O primeiro episódio é uma introdução e por isso talvez não seja o maior chamariz para tudo o que The Last of Us representa. Mas a partir daí a fasquia vai subindo cada vez mais.
O episódio três, pelo seu teor mais intimista é uma das coisas mais bonitas que foram feitas na história recente do mundo do streaming, carregado de bom gosto, sem se tornar piegas, e com a clareza de espírito de mostrar que o amor e as suas diferentes orientações devem se barradas por qualquer tipo de género de ficção.
O quinto e sexto capítulos são um misto de empatia e nó na garganta, são episódios duros de se assistir, e trazem dois personagens secundários a serem tratados com a mesma profundidade que um protagonista arrebatando-nos no pouco tempo de ecrã que têm, é absurdo, e mais uma vez mostra o cuidado nos diálogos e na preparação detalhada de cada cena que só eleva a história a um patamar ainda maior.
O nono capitulo talvez seja aquele que mais se aproxima de uma construção de episódio clássica do mundo das séries, porém, mesmo dentro do clássico, a série consegue contornar o clichê e trazer-nos algo de novo. O único ponto negativo de toda a temporada acontece, apesar de tudo, neste episódio, quando Joel passa da quase morte para uma figura com uma destreza de movimentos acima da média. Foi o único momento em que sentimos que os autores se converteram à religião do Deus Ex Machina, e abraçaram o lado mais fantasioso da ficção. Tudo se desculpa em prol do reencontro final que carimba de uma vez o afeto entre Joel e Ellie.
O último episódio tem um final anti climático quase na mesma medida que o de House of The Dragon, mas é, ainda assim, um dos episódios com mais criatividade, com mais sumo, é o entregar completo à densidade e ao drama ao mesmo tempo que nos dá automaticamente o pontapé de saída para a segunda temporada.
Aqui a continuação impõem-se, este universo é demasiado rico para viver apenas por nove capítulos. É obvio que teremos momentos de revolta de Ellie depois da mentira de Joel, mas se pudéssemos apostar, o grande plot que aí vem será uma busca desenfreada por Ellie.
Afinal de contas, por mais que Joel tenha acabado com a
vida de todos os que estavam no hospital, é-nos difícil acreditar que nesse
meio tempo ninguém tenha falado demais. A perseguição vem aí, e a ação está
garantida na season dois. Nós temos encontro marcado, de certeza!
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Foto: Direitos Reservados |
A nova novela da TVI Queridos Papás estreia já esta segunda-feira, 13 de março. O Fantastic esteve à conversa com Miguel Bogalho, Catarina Siqueira e Matilde Alçada, alguns dos atores que compõem o elenco da produção.
Protagonizada por Fernando Pires, José Fidalgo, Pedro Sousa
e Tiago Teotónio Pereira e com texto adaptado por Maria João Mira, com base no
original argentino Sres. Papis, esta produção conta-nos “a vida de quatro
homens que se encontram no infantário dos filhos e partilham as suas
experiências de pais num mundo constituído maioritariamente por mães. Entre
temas de amizade, relacionamentos pai-filhos, conflitos amorosos e mudanças nos
papéis sociais, conhecemos as histórias de cada família e as suas
vicissitudes”, avança o canal.
Miguel Bogalho será Maurício, um homem “sincero, resolvido,
apaixonante e desafiante”. O ator confessou em declarações ao Fantastic: “Acho
que o público se irá apaixonar facilmente pelo Maurício. Tem uma energia
contagiante e um coração puro. Dono do seu nariz e sempre pronto a ajudar os
mais próximos. É sem dúvida diferente.”.
Para Miguel, esta será uma novela leve, “com pouco drama”, e
com um tom diferente, “não só pela escrita, mas também pela coordenação do
projeto que quer pisar novas formas de fazer novela”. “Há um arriscar na forma
de abordar o público quando se tenta fazer algo diferente do que se tem feito e
esta novela distingue-se pelo facto de não responder pormenorizadamente a tudo
o que acontece…vemos muitas situações isoladas de entretenimento sem que seja
preciso um acompanhamento na íntegra de todos os episódios”, remata.
Catarina Siqueira será Maria Dantas (Zézé), e avança-nos
desde logo que esta sua personagem será “uma peste”. De regresso a um elenco
fixo de ficção televisiva após 11 anos, quando integrou a série juvenil
Morangos com Açúcar, a atriz considera que este projeto traz “uma abordagem
diferente ao dia a dia da “maternidade”, visto através do olhar masculino.”.
“Quando se fala de educação e de crianças, temos sempre mais
tendência a olhar para o lado das mães, e aqui temos muito mais a dinâmica com
os pais que têm um papel igualmente importante na vida e crescimento dos filhos
e que ainda é tão menos considerado. É uma novela leve e acho que toda a gente
vai gostar muito e identificar-se com alguma personagem de certeza absoluta. É
uma história muito completa e cheia de coisas surpreendentes.”, finaliza
Catarina.
Matilde Alçada está também de regresso à ficção televisiva,
desta vez como elenco adicional. No entanto, isso não a impediu de sentir uma
“enorme alegria e gratidão por integrar novamente um elenco com atores tão
conceituados”, e com uma personagem que sentiu desde logo ser à sua medida.
Nesta novela que nos apresenta “uma história leve e real,
com vários dinamismos entre si”, a atriz promete que irá ser “muito
interessante” assistir “à vida de 4 protagonistas masculinos, com as suas
conquistas e vulnerabilidades.”. A sua personagem, Sabrina, “é muito meiga e
assertiva. Sabe o que quer e vai chegar para trocar as voltas ao Matias”
(personagem interpretada por José Fidalgo.
Do elenco fazem ainda parte nomes como Madalena Brandão,
Mafalda Marafusta, Diana Nicolau, Sara Prata, Ana Varela, Marisa Cruz, Helena
Isabel, Paulo Pires, Catarina Rebelo, São José Correia, Nuno Homem de Sá,
Luisinha Guanilho, Madalena Guanilho e Vasco Venâncio.
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Foto: Direitos Reservados- RTP |
Mimicat, com a canção Ai Coração, foi coroada como a grande vencedora da 57ª Edição do Festival da Canção 2023 com 24 pontos, garantindo assim o passaporte para representar o nosso país na competição internacional em Liverpool. O restante pódio foi ocupado por Edmundo Inácio e Cláudia Pascoal. A condução da emissão esteve a cabo de Filomena Cautela e Vasco Palmeirim, com Inês Lopes Gonçalves e Wandson a ficarem responsáveis pela Green Room.
Para encontrar a canção vencedora, foi selecionado o sempre habitual método de votação 50/50, distribuído entre o júri regional e o televoto nacional. A proposta vencedora de Mimicat obteve os 12 pontos por parte do júri regional e os 12 pontos do televoto. Edmundo Inácio adquiriu a segunda posição com 22 pontos, oriundos dos 12 pontos por parte do júri e 10 do televoto, já Cláudia Pascoal ficou-se pelo terceiro posto com 12 pontos, fruto dos 8 do júri e 4 pontos do televoto popular.
Tal como tem sido habitual nos últimos anos, o certame português foi realizado nos estúdios da RTP e contou com 13 canções. Inicialmente eram para ter sido 12 canções, mas devido ao facto de ter havido um problema técnico nas linhas telefónicas de um dos participantes da primeira semifinal, o alinhamento passou para 13. O espetáculo foi aberto por Cláudia Pascoal e a sua canção Nasci Maria, tendo sido encerrado por SAL e a sua proposta Viver.
Pelo palco da Grande Final passaram convidados como Maro (vencedora do Festival da Canção 2022 e representante portuguesa em Turim), Salvador Sobral (vencedor português da Eurovisão 2017 em Kiev) e David Fonseca.
Vê abaixo o vídeo da atuação da canção vencedora:
Se estão à procura de uma série que vos vai prender a atenção e fazer-vos desanuviar nos tempos livres, lamentamos informar, mas Outer Banks não é a escolha ideal. Rica em conceito, mas pobre de conteúdo, a terceira temporada de um dos maiores sucessos juvenis da Netflix é um evento sofrível que só é salva pela química dos protagonistas, que fazem autênticas piruetas para salvar um argumento desconexo e pouco interessante.
É, de longe, a pior sequência de episódios da série e chega quase a merecer a
nossa desistência. Explicamos-te porquê em mais uma edição do Coming Up. Fica
connosco, há muito para discutir sobre a nova aventura de John B e companhia.
O
ritmo continua a ser o trunfo do sucesso da série?
A segunda temporada de Outer Banks teve um salto qualitativo. Com mais investimento e muito mais dedicação, a história ganhou outro fôlego e os autores deram-lhe um ritmo que tornou a maratona fácil e viciante. Era exatamente isso que esperávamos ver na terceira temporada, mas o que recebemos foi um longo prelúdio e uma história que parece escrita às pressas que tenta salvar o enredo e unir pontas soltas mas que, ainda assim, não consegue salvar a honra da temporada.
Os primeiros quatro capítulos são sofríveis de assistir. Entre sono e a vontade de desistir, o carisma dos atores vai falando mais alto e a afeição que criámos por eles faz-nos querer ver o que o destino lhes reserva. É um esforço inglório, e desnecessário para a construção da história dado que nesta introdução os personagens parecem ter ficado presos na roda de hámster e andam em círculos fugindo de um inimigo atrás do outro.
Ora salvamos este, ora salvamos aquele, ora tentamos salvar a Cruz, ora voltamos para casa para salvar outro de uma nova alhada. E não passamos disto, sem que todos estes eventos tragam algo de relevante para o amadurecimento das personagens.
O mais próximo que temos disso acontece quando Pope quase perde a razão e tenta fazer justiça pelas próprias mãos contra Rafe, ainda temos um vislumbre da evolução dele e do quanto Cleo agrega à história, mas é resolvido de uma forma tão rápida que chega a parecer forçado e gratuito.
O clímax virou anticlímax, com os autores a não saberem conduzir os seus personagens e deixarem de lado o espaço para crescerem para poderem introduzir ainda mais camadas num mistério que já é complexo por si só.
Ainda neste ponto sobre o tratamento dos
personagens, vale a pena referir o quão chato foi este arranque do arco de John
B e Sarah. Eles que sempre foram obstinados e quebraram um pouco o lugar-comum
dos heróis românticos tornaram-se maçadores e as cenas dos dois repetem tantas
vezes os mesmos temas e problemas que se tornam complicadas de assistir.
Temos
novo vilão. É mais ameaçador? Faz sentido na história?
Sendo o tema principal da série um tesouro, é óbvio que não vão faltar figuras interessadas em conquistar riqueza. E nesta terceira temporada acrescentamos mais um nome à lista, com Singh, um vilão que prometia ser ainda mais poderoso do que todas as outras personagens que o grupo de Pogues enfrentou anteriormente. Lamentavelmente não foi o que aconteceu.
O argumento até lhe tenta dar essa grandiosidade, mas a forma rápida com que o grupo dá a volta a todas as situações acaba por fazê-lo perder impacto. Tanta força bruta e dinheiro são insuficientes perante um grupo de adolescentes organizado. Neste ponto não sabemos o que é mais irrealista se a falta de eficácia de alguém com o poder de Singh ou a forma rápida e carregada de sorte com que o grupo se desenvencilha dos problemas. Isto sem podermos deixar de referir a atuação de Andy McQueen que lhe dá um ar de vilão de filme traz, daquelas comédias infantis onde só falta os vilões olharem para a câmara e gritarem: “Eu sou muito mau”.
Se o argumento já não estava a conseguir sustentar-se, o caminho só piora quando decidir ressuscitar personagens do mundo dos mortos. Big John leva o prémio de pior ressurreição do mundo das séries. Além da atuação de Charles Halford conseguir ser ainda pior que a de McQueen, a sua participação acaba por ter um total de zero relevância na história e só complica mais o que já estava confuso. Explorar a relação dele com John B retira espaço a assuntos mais interessantes dentro da história e se analisarmos um pouco mais afundo a aparição dele serve apenas para que John B deixe de o encarar como ídolo, e colocá-lo par a par com o sofrimento de Sarah.
Parece que queriam forçar uma igualdade entre o casal, totalmente desnecessária tendo em conta tudo o que passaram até então. Mas consegue descer ainda mais quando John B vira costas a todos os amigos em prol do pai.
Sim, estamos a par da admiração dele pelo seu
progenitor e do que aquela figura representa para ele, mas a dada altura da
história parece que ele se esquece de tudo o que está para trás. O personagem
vive uma fase de encantamento, mas é desnecessário e difere do background que
lhe deram. Faz parecer que personagens como Pope e Kie não têm a mínima
importância na vida dele, dado que ele mal lhes dirige a palavra na temporada
inteira.
Os
arcos individuais conseguem salvar a temporada?
O carisma dos atores carregou a temporada às costas, numa season cheia de escolhas erradas e arcos mal-amanhados que se resolviam com demasiada facilidade. O principal ponto de interesse acabou por cair em cima dos ombros de Kie e JJ.
É um facto que aquilo que eles nos trouxeram é a história clichês de um romance, mas ainda assim, o clichê foi bem feito e rendeu-nos alguns momentos em que a série nos prende e nos deixou a desejar pelo próximo episódio para saber o que iria acontecer. Claro está que é um clichê, e só por isso é que funcionou tão bem, mas, de facto, as cenas dos dois são dos pouquíssimos pontos positivos da temporada.
Quando Kie é levada para o colégio interno o enredo dos dois tornou-se interessante, apesar da solução barata, abriu espaço para que a nossa afeição pelos personagens crescesse. A química dos dois é muito boa e o facto de estarem constantemente a jogar o jogo do gato e do rato acaba por facilitar a nossa aproximação com que eles sentem. Mas, de uma forma geral, foram os únicos que conseguiram algum desenvolvimento.
A série ainda tentou dar uma nova guinada na vida de Sarah com aquela recaída ao mundo dos Kooks e uma aproximação a Topper, mas aquilo que poderia ter sido o destaque que faltava à personagens traduziu-se numa das piores escolhas de arco da temporada.
É certo que falamos de adolescentes e de hormonas a pulsar, mas a facilidade com que ela se entrega novamente a Topper é muito básica e desmerece o que a narrativa fez com ela até então. Esse momento abre espaço para um Topper vilão que solta fogo à casa de John B, mas no momento em que isso acontece nós ainda estamos a tentar perceber o que terá passado pela cabeça dos autores para colocarem um destaque tão grande num personagem tão banal e estereotipado. Claramente não funcionou.
Topper está longe de ser um personagem interessante e foi mais uma figura desnecessária que ocupou tempo de ecrã que poderia ter sido utilizado para dar um pouco mais de espaço a Pope ou a Rafe, por exemplo. Sobretudo a estes dois, dado que no final da temporada temos um salto no tempo e parece que a quezília entre eles que parecia ser algo muito sério foi esquecida.
Aliás, aquele final foi uma sequência de amnésia coletiva.
Ainda estamos a tentar entender como é que a série vai conseguir responder ao
conflito entre Kie e os seus pais, tendo em conta que no regresso da série já
se terá passado muito tempo dos eventos que geraram problemas entre eles.
Vale
a pena regressarmos para a quarta temporada?
A memória que esta terceira season nos deixa não é, de todo, animadora. E o cliffhager deixa muito a desejar além de levar a série por um caminho que desvirtua por completo o conceito da história.
O grande apego que a trama tinha até então vinha das conexões dos protagonistas com o tesouro, ao qual se juntaram as várias camadas do mistério que fizeram com que narrativa se tornasse ainda mais interessante. Nesta temporada, por exemplo, explicaram que tudo o que vimos até então se conectava com uma das mais famosas lendas urbanas, o El Dourado, o que garantia ainda mais o nosso interesse, mas o resultado foi tão mal conseguido que só nos deixa apreensivos quanto ao futuro da série.
Se os autores não conseguiram criar uma narrativa coesa com a história que eles decidiram contar desde o primeiro rascunho, então como vão conseguir conduzir estes personagens em algo que é totalmente novo e desconectado das suas vidas? É que até então foi pessoal, mas o caminho agora parece assemelhar-se mais a uma série de aventuras do Bando dos 4, ou seja, uma mudança completa no paradigma de uma série que já está a cachear.
Na verdade, Outer Banks é mais um exemplo claro sobre como o sucesso e o lucro mandam mais do que a criatividade em Hollywood. É mais uma história que entra na lista de projetos que não souberam parar na sua glória.
A série poderia facilmente ter-se resolvido na segunda temporada, sem invenções maiores ou conexões tão rebuscadas como o El Dourado. E terminaria no auge. Mas a opção foi esticar para além do necessário, o que se traduziu numa terceira leva de episódios que tem capítulos a mais (ficaríamos satisfeitos com os seis últimos, que é quando tudo realmente se começa a desenrolar) e que se esquece de fechar os seus arcos.
Em conclusão, é tudo tão pobre que o convite para a quarta temporada deve levar mais rejeições do que o normal, tornando a série num dos casos em que a Netflix se vai arrepender de anunciar com tanta antecedência os seus planos futuros.
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Foto: Direitos Reservados |
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